Dina Boluarte, presidente do Peru, afirmou na noite desta quinta-feira (19) que não renunciará ao cargo apesar dos protestos contra seu governo estarem aumentando. A presidente se manifestou após um intenso protesto em Lima, capital do país, com pedidos de sua saída e a libertação do ex-presidente Pedro Castillo, preso após tentar aplicar um golpe de Estado em 7 de dezembro.
“Desminto todas as notícias falsas. Esse governo é sólido e o gabinete está mais unido do que nunca, afirmou em um comunicado e enfatizou ainda que os responsáveis pelos protestos “serão punidos com todo o peso da lei” porque estão tentando criar o caos e tomar o poder”.
Boluarte convidou os insatisfeitos a se manifestarem em Lima, mas pediu que façam isso de forma pacífica. Também propôs a possibilidade de diálogo, mas excluiu discutir questões como a dissolução do Congresso ou a reforma constitucional por estarem além dos poderes da presidência.
O governo garantiu que todas as mortes serão averiguadas, e o Ministério Público abriu um processo preliminar contra a presidente e primeiro-ministro, Alberto Otárola. Pouco depois de suceder Castillo, Boluarte afirmou que seu objetivo era concluir o mandato de seu antecessor e permanecer no cargo até 2026. Mas após a primeira onda de protestos, ela sugeriu adiantar as eleições — e um acordo preliminar foi votado no Congresso para que sejam realizadas em abril de 2024.
Foram confirmadas 54 mortes e mais de 1.000 feridos até o momento durante os protestos, uma delas sendo em Lima nesta quinta-feira (19). Desde que Castillo foi detido, protestos começaram a acontecer no sul do país, contudo, as manifestações se alastraram pelo país e nesta quinta ocorreu o que estava sendo denominado de “tomada de Lima”, o confronto mais intenso na capital desde o início dos atos. Os protestantes tentaram tomar os aeroportos com centenas de cidadãos das cidades de Arequipa, Juliaca e Cusco e, segundo o governo, teve danos e paralisação de voos por questões de segurança.
O Peru vive uma crise política antiga e extensa há cerca de vinte anos, com nenhum governo conseguindo gerir de forma tranquila. Por exemplo, Castillo, que permaneceu no poder por apenas 1 ano e 4 meses onde enfrentou pedidos de impeachment, crises de corrupção e perda da base política, já Dina é a sexta presidente no comande desde 2018. Todos os ex-presidentes do Peru vivos estão presos por denúncias de crimes cometidos durantes suas gestões.
Foto Destaque: Dina Boluarte, presidente do Peru. Reprodução/Brasil 247