Um projeto elaborado pela Prefeitura de São Sebastião revela que o município reconhecia o risco de deslizamentos de encosta na Vila Sahy desde 2014. O local concentra atualmente o maior número de vítimas das chuvas fortes que atingiram o Litoral Norte de São Paulo no último fim de semana.
O Projeto de Regularização Fundiária Sustentável, formulado há nove anos atrás, apresenta um mapeamento do Instituto Geológico (IG) realizado em 1996, no qual a Vila Sahy já era considerada dentro de um perímetro de risco muito alto, risco alto e risco médio para deslizamentos e inundações. Na ocasião, o IG recomendou a remoção preventiva dos moradores ou “obras de contenção de médio porte associadas às obras de drenagem”.
No último fim de semana, o volume de chuva registrado no Litoral Norte de SP alcançou 683 milímetros e configura o maior registro da história do país (Foto: Reprodução/Rovena Rosa)
Na documentação do projeto de regularização, a prefeitura afirma que executava um “projeto urbanístico de infraestrutura” na Vila Sahy e que, consequentemente, o número de casas que precisavam de um reassentamento diminuiu. A gestão municipal, entretanto, também declara: “há a necessidade de uma nova avaliação da Defesa Civil para levantar se ao redor [da comunidade] ainda existe um risco muito alto". O documento não informa se o órgão chegou a realizar a análise.
Para os moradores que permaneceram em espaços passíveis de deslizamentos, o projeto ainda aponta a "necessidade de remoção das moradias e seus ocupantes, que se encontram na área de risco físico alta, por conta da declividade e solo e processo erosivo avançado e, será executado um projeto de reassentamento, para realocação dos moradores dessas áreas".
Localizada entre os bairros de Juquehy e Praia da Baleia, no município de São Sebastião, a Vila Sahy é uma ocupação composta por cerca de 650 imóveis e mais de 500 famílias. Entre sábado (18) e domingo (19), as chuvas registradas no Litoral Norte de São Paulo causaram deslizamentos de terra na área, soterrando cerca de 50 casas. Segundo balanço do governo estadual, 59 mortes foram confirmadas até o momento, sendo 58 em São Sebastião e uma criança em Ubatuba.
Foto Destaque: Reprodução/Rovena Rosa