Uma nova pesquisa da Universidade de São Paulo (USP), apoiada pela FAPESP e divulgada na conceituada revista Environmental Research, revela um aumento nos riscos de problemas cardíacos associados à poluição atmosférica em São Paulo. O estudo analisou dados de autópsias de 238 indivíduos e informações epidemiológicas, descobrindo uma ligação direta entre a exposição prolongada a partículas de carbono negro e a incidência de fibrose cardíaca, especialmente em pessoas com hipertensão.
A pesquisa destaca que a fibrose cardíaca, que é um sinal de doenças cardíacas, tem uma correlação com o tempo de exposição ao carbono negro, um componente comum da poluição do ar. Para chegar a essas conclusões, os cientistas examinaram tecidos pulmonares e cardíacos, identificando a presença e a quantidade de carbono negro e a extensão da fibrose cardíaca.
Fibrose cardíaca está relacionada à poluição do ar, revela estudo da USP (Foto: reprodução/FG Trade/GettyImages Embed)
Hipertensos correm maior risco
Os resultados indicam que quanto mais uma pessoa fica exposta à poluição, maior é o risco de desenvolver fibrose cardíaca. Além disso, o estudo aponta que pessoas com hipertensão são ainda mais vulneráveis, com um aumento significativo no risco de doenças cardíacas associadas à poluição, independentemente de serem fumantes ou não. Em contraste, entre os não hipertensos, os fumantes apresentaram um risco maior.
A hipertensão é uma condição que muitas vezes não apresenta sintomas, mas é bastante prevalente entre os idosos no Brasil, afetando cerca de 60% dessa população. A taxa de mortalidade relacionada à hipertensão aumentou significativamente na última década, segundo dados do Ministério da Saúde.
Estilo de vida é uma variável
A pesquisa também aborda a variação na exposição à poluição dentro de uma mesma cidade, que pode ser influenciada por fatores como o estilo de vida e os padrões de deslocamento das pessoas. A Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) fornece medições objetivas da poluição, mas a exposição individual pode variar significativamente, especialmente para aqueles que passam longos períodos em áreas de tráfego intenso.
O estudo contou com a colaboração do Serviço de Verificação de Óbito (SVO) de São Paulo, que opera ininterruptamente, e com o histórico da Faculdade de Medicina da USP e da FAPESP.
Foto Destaque: exposição à poluição aumenta risco de fibrose cardíaca, segundo estudo divulgado pela USP (Reprodução/NurPhoto/GettyImages Embed)