A Polícia Federal concluiu que houve associação criminosa no uso do avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para tráfico internacional de drogas pelo ex-sargento da Aeronáutica Manoel Silva Rodrigues. O militar foi preso em Sevilha, na Espanha, em 2019, ao transportar 39 quilos de cocaína pura em um voo da comitiva presidencial.
O relatório final, concluído no dia 15 de agosto pela Delegacia Regional de Investigação e Combate ao Crime Organizado, tem 392 páginas. O documento foi divulgado em primeira mão pelo Estúdio I, da Globo News.
Segundo o relatório da Polícia Federal, os fatos envolvendo a utilização de aeronaves militares é que consolidam um conjunto probatório sólido dos crimes de tráfico ilícito de entorpecentes e associação para o tráfico não havendo outras diligências que, no momento, permitam a continuidade das investigações.
Sargento Manoel Silva Rodrigues é acusado de transportar cocaína em avião da Força Aérea Brasileira (FAB). (Foto: Reprodução/Brasil247)
O inquérito foi remetido para a Justiça Federal com sugestão de envio para a Justiça Militar.
O Portal R7 tenta contato com a defesa de Manoel Silva Rodrigues.
Cabe aqui destacar que um outro inquérito que apura o crime de lavagem de dinheiro tramita na 10ª Vara Federal do Distrito Federal.
Relatório da PF aponta mais supostos integrantes da associação criminosa
O relatório da Polícia Federal, além de Manoel Silva Rodrigues, também destaca a participação dos supostos integrantes da associação criminosa, entre eles, Wilkelane Nonato, esposa de Manoel Silva Rodrigues. De acordo com o relatório, ela fazia parte do esquema e, após a prisão do marido, uma testemunha contou ter visto a mulher esconder R$40 mil em uma bolsa.
O documento aponta ainda a participação ativa de outro membro do grupo, Jorge Luiz Cruz Silva, que seria responsável por recrutar Manoel Silva Rodrigues para prestar serviço de "mula", ou seja, pelo transporte da droga. A Polícia Federal identificou Marcos Daniel Gama, mais conhecido como “Chico Bomba”, como sendo o dono da droga.
O Portal R7 tenta contato com a defesa dos citados, que até o fechamento desta reportagem ainda não se manifestaram.
Condenado e expulso
Em fevereiro do ano passado, Manoel Silva Rodrigues foi condenado pela Justiça Militar da União (JMU) a 14 anos e seis meses de reclusão. Na ocasião, a defesa do ex-sargento alegou que a droga não foi transportada no avião da FAB, e sim, passada a ele depois do pouso, na Espanha.
Manoel Silva Rodrigues. (Foto: Reprodução/Portal R7)
Conforme a sentença, o ex-sargento também deve arcar com 1,4 mil dias-multa, fixados em 1/30 do salário-mínimo. A pena já cumprida pelo militar na Espanha, onde está preso, foi reduzida do tempo da nova condenação.
Em fevereiro de 2020, Manoel Rodrigues já tinha sido condenado pela Justiça espanhola a seis anos e um dia de prisão. Além disso, foi sentenciado a pagar multa de 2 milhões de euros. Ele obteve uma pena menor porque confessou o crime.
Em maio, ele foi expulso da Força Aérea Brasileira. À época, a Força Aérea Brasileira (FAB) informou que a exclusão de Rodrigues é resultado do processo administrativo aberto para julgar a conduta dele e está "em conformidade com o Estatuto dos Militares".
Foto destaque: Mala e os 39 kg de cocaína apreendidas com militar da Força Aérea Brasileira preso na Espanha. Reprodução: Guarda Civil de Sevilla