A Polícia Federal (PF) prendeu dois suspeitos nesta quarta-feira (8) em uma operação de combate ao terrorismo no Brasil. As investigações apontam que um grupo ligado ao Hezbollah planejava atentados contra alvos judaicos em território brasileiro. As autoridades reagiram prontamente, repudiando as ameaças e destacando a tradição do país de tolerância e acolhimento a pessoas de todas as nacionalidades.
Os indivíduos detidos são brasileiros e tiveram suas prisões temporárias decretadas. O primeiro suspeito foi capturado ao desembarcar no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, vindo do Líbano. Com ele, a polícia encontrou US$ 5 mil. O segundo suspeito, residente em Santa Catarina, foi preso em São Paulo. Os nomes dos envolvidos não foram divulgados, e eles permanecerão detidos por 30 dias, no mínimo.
Polícia Federal no Aeroporto de Guarulhos (Foto/Reprodução/PF)
Além das prisões, a PF também realizou buscas e apreensões em Minas Gerais, São Paulo e no Distrito Federal. Durante a operação, foram confiscados dinheiro, celulares e documentos, incluindo agendas e anotações. A polícia também identificou mais dois indivíduos com dupla nacionalidade, atualmente no Líbano, e comunicou a Interpol para a adoção das medidas cabíveis.
Operação Trapiche
A Operação Trapiche, nome dado à investigação, tem como objetivo combater o recrutamento de brasileiros para a prática de atos terroristas. As autoridades receberam informações de inteligência dos governos de Israel e dos Estados Unidos, que auxiliaram nas primeiras análises do caso.
A PF, em nota oficial, não mencionou o nome do Hezbollah, grupo libanês extremista apoiado pelo Irã e considerado terrorista por diversos países, incluindo Estados Unidos, França e Alemanha. Contudo, confirmou reservadamente que os suspeitos possuem ligações com o grupo, inclusive tendo viajado recentemente a Beirute, capital do Líbano, para encontros com membros do Hezbollah.
Os envolvidos podem ser responsabilizados por formar ou integrar uma organização terrorista, bem como por realizar atos preparatórios de terrorismo. A lei brasileira, aprovada em 2016, equipara o terrorismo a crime hediondo, inafiançável e punível com até 15 anos e 6 meses de prisão em regime fechado.
Organizações e autoridades manifestam preocupações com incidente
Diversas organizações e autoridades manifestaram sua preocupação com os planos de atentados e destacaram a importância de repudiar qualquer forma de intolerância. A Confederação Israelita no Brasil e a Conib parabenizaram a ação preventiva da PF, ressaltando que o terrorismo não deve ganhar espaço no país, onde comunidades distintas convivem pacificamente.
O presidente do STF, Luís Roberto Barroso, enfatizou a tradição de tolerância do Brasil, repudiando tanto o antissemitismo quanto a islamofobia. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, afirmou que é preciso combater o antissemitismo, a violência e a guerra, e reforçou que não há espaço para preconceito no país.
Em conjunto com a Mossad, agência de inteligência israelense, e outros órgãos internacionais de segurança, os órgãos de segurança do Brasil conseguiram frustrar um ataque terrorista promovido pelo Hezbollah, ligado e financiado pelo regime iraniano. Segundo informações, tratava-se de uma rede ampla que atuava em diferentes países.
É fundamental para a sociedade brasileira e as instituições públicas combaterem o discurso de ódio e trabalharem em prol da paz e do respeito às diferenças. O povo brasileiro é conhecido por sua convivência pacífica e acolhedora, e não pode permitir que a sociedade seja contaminada por intolerância ou preconceito. É compromisso de todos lutar contra tais atitudes e promover a paz no país em todas as circunstâncias.
Foto Destaque: Militantes do Hezbollah em 22 de outubro durante funeral. (Reprodução/Hassan Ammar/AP)