Nos últimos meses, o Brasil tem experimentado condições climáticas desafiadoras, sendo influenciado, em parte, pelo fenômeno El Niño. A Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) estima que há mais de 50% de probabilidade de que essas altas temperaturas persistam até maio. Após esse período, a expectativa é de que a Terra entre em um estado de neutralidade, preparando o cenário para a chegada do fenômeno La Niña no segundo semestre de 2024.
El Niño e sua influência
A Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA) prevê que os efeitos do El Niño, caracterizados por ondas de calor, chuvas intensas e secas extremas, perdurem até abril, com a possibilidade de estender-se até maio. O fenômeno El Niño aqueceu as águas do Oceano Pacífico, mas a NOAA antecipa que essas águas começarão a esfriar entre março e maio, atingindo a neutralidade em junho.
La Niña e suas características únicas
Assim como o El Niño, o La Niña é um fenômeno que se desenvolve no Oceano Pacífico. Durante o La Niña, os ventos alísios tornam-se ainda mais robustos, impulsionando águas mais quentes em direção à Ásia. Esse fenômeno também desencadeia o processo de ressurgência, elevando águas frias e ricas em nutrientes na costa oeste das Américas.
A mudança nas temperaturas das águas e na pressão atmosférica tem implicações significativas nos padrões de chuva. Ao contrário do El Niño, o La Niña resulta no resfriamento das águas do Pacífico, revertendo os efeitos climáticos no Brasil. O meteorologista da Funceme, Lucas Fumagalli, explica que durante o La Niña, as águas próximas ao Equador ficam mais frias, persistindo por pelo menos três trimestres.
Mudanças no clima brasileiro com o fenômeno La Niña (Foto: reprodução/Freejpg)
Desdobramentos no clima brasileiro
Diferentemente do El Niño, o La Niña altera as condições climáticas em diferentes regiões do Brasil. Andrea Malheiros, meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), destaca que o La Niña traz aumento das chuvas no Norte e no Nordeste, enquanto o Sul enfrenta redução nas precipitações. A especialista sublinha a inversão de efeitos em comparação ao El Niño. O La Niña, muitas vezes sucedendo o El Niño, afeta diretamente a agricultura. A reflexão de ondas oceânicas é apontada como uma das razões para a transição entre os dois fenômenos.
Impactos anteriores e expectativas para 2024
O último registro do La Niña ocorreu há três anos, culminando em baixas temperaturas na região Centro-Oeste. Em 2024, a previsão aponta para o início do La Niña a partir de outubro, influenciando as condições climáticas na América do Sul. Os efeitos mais intensos são esperados nos meses de outubro e novembro, contribuindo para condições secas no Sul do Brasil.
Diante dos desafios climáticos, a chegada do La Niña em 2024 demanda atenção, especialmente para os setores agrícolas que podem enfrentar riscos de seca durante o plantio e desenvolvimento de culturas. A intercalação entre El Niño e La Niña continua a moldar o cenário meteorológico global, e o Brasil se prepara para se adaptar a essas mudanças, buscando mitigar impactos potenciais em diferentes regiões do país.
Foto destaque: fenômeno La Niña traz aumento das chuvas no Norte e no Nordeste do país (Reprodução/Mega Curioso)