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Moïse Kabagambe é morto brutalmente no Rio de Janeiro

A Morte de Moïse Kabagambe gera temores entre a comunidade congolesa no Rio de Janeiro. Vindos do Congo para ter uma melhor qualidade de vida acabam sendo massacrados pela violência aqui encontrada.

06 Fev 2022 - 10h29 | Atualizado em 06 Fev 2022 - 10h29
Moïse Kabagambe é morto brutalmente no Rio de Janeiro  Lorena Bueri

Aos 24 anos, o jovem Moïse Kabagambe foi agredido com mais de 30 pauladas até morrer, em um quiosque na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio de Janeiro - que agora será administrado pela família do jovem e terá um memorial à cultura africana. Subemprego, informalidade e jornadas extenuantes de trabalho de um lado, solidariedade, união gentileza e simpatia de outro. Esses são alguns traços da comunidade congolesa no estado do Rio composta por cerca de 4,7 mil pessoas  e desde o último dia 24, um pouco menor e mais triste com a brutal morte do jovem Moïse. 



Moïse Kabagambe, morto no quiosque Tropicália (Foto: Reprodução/Facebook)


Parte das características da comunidade congolesa foi descrita na tese de mestrado de Aline Maia, em 2015. A antropóloga observou o fluxo migratório desse povo africano para o Rio de Janeiro e destacou a moradia em favelas ou periferias, a paixão pelo futebol e uma grande produção cultural com as trançadeiras de cabelo e as festas temáticas. “É um dos que mais sofrem com o racismo na hora de se recolocar no mercado de trabalho. Mesmo com formação, preferem sempre refugiados latinos ou sírios. Quanto mais traços que remetem à África, mais discriminados são”, aponta Aline, lembrando que o preconceito pela cor não é vivido por eles no país de origem.



Protesto diante do quiosque Tropicália, onde Moïse foi assassinado (Foto: Reprodução/Fabiano Rocha)


Os congoleses que moram no Rio de Janeiro e conheciam Moïse estão abalados com o crime. Boa parte deles tem como base a Central do Brasil, principal estação ferroviária da cidade. Com idades e momentos diferentes de vida, todos têm em comum a intensa preocupação com familiares que ficaram no Congo, grande devoção pelo trabalho e pela cultura de paz, e estão profundamente consternados com o que aconteceu com o compatriota.

Moïse veio para o Brasil em 2014 com a mãe e os irmãos, como refugiado político, para fugir da guerra e da fome. Ele trabalhava por diárias em um quiosque perto do Posto 8, na Barra da Tijuca. A família diz que o responsável pelo quiosque estava devendo dois dias de pagamento para Moïse e que, quando o congolês foi cobrar, foi espancado até a morte. Imagens de câmeras de segurança mostra uma briga entre o congolês e outros homens que estavam no quiosque.



Agressor falou que pegou taco de beisebol para descontar raiva pelas atitudes do congolês (Foto: Reprodução) 


As imagens do quiosque mostram que as agressões começaram depois de uma discussão entre um homem que segura um pedaço de pau e o congolês, que mexe em objetos do quiosque como uma cadeira, um refrigerador e um cabo de vassoura. Depois que Moïse solta os objetos, se aproximam mais dois homens. Na sequência começa a sessão de agressões. Em vários momentos é possível ver que o congolês não oferecia resistência enquanto levava golpes com um pedaço de madeira.


Foto destaque: Arte de Carla Sena ( Foto: Reprodução/Metropoles) 

 

 

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