O ex-ajudante de ordens do ex-presidente da república Jair Messias Bolsonaro (PL) Mauro Cid cedeu depoimento à Polícia Federal nesta terça-feira (18) durante aproximadamente duas horas e meia, dentro do caso das joias vendidas por ele nos Estados Unidos da América (EUA) enquanto Bolsonaro ainda era presidente.
O depoimento foi solicitado pela PF após a descoberta de uma nova joia possivelmente dada pelo governo Saudita ao governo Brasileiro na última semana.
O edifício Seybold, onde as joias foram cotadas e vendidas (Foto: reprodução/Mayleen Gonzalez/Racked Miami)
Informações incongruentes
Durante o depoimento, Mauro Cid afirmou desconhecer a joia recém-descoberta. Contudo, a joia estaria junto dos relógios e ornamentos vendidos por Cid e outros homens de confiança de Bolsonaro na loja "Goldie's", localizada no complexo de lojas Seybold Jewelry em Miami, Flórida.
Cid, que ocupava uma das posições de maior confiança do ex-presidente, se tornou delator do caso após assinar acordo de colaboração premiada para tentar conseguir pena mais branda pelos crimes cometidos a mando de Bolsonaro, como a adulteração dos cartões de vacinação de Bolsonaro e parentes do mesmo.
Bolsonaro e o príncipe saudita Mohamed bin Salman (Foto: reprodução/Alan Santos/PR)
O inquérito
A PF investiga a apropriação indevida de presentes dados pelo governo da Arábia Saudita ao governo brasileiro em 2022. As joias, por terem sido presentes dados ao governo, deveriam virar patrimônio nacional, mas foram vendidas e negociadas por ordens do próprio então presidente, fazendo com que ele absorvesse um valor que até então era da União.
Caso esteja mentindo em relação à não saber sobre a joia recém-descoberta, Cid pode perder os benefícios que conseguiria com a delação acordada e ainda pode pegar de 2 a 4 anos de prisão. A peça foi descoberta em investigação conjunta da PF com o FBI (Federal Bureau of Investigation ou Departamento Federal de Investigação).
O kit já conhecido era composto por joias de ouro branco, artefatos religiosos e estátuas de valor intercultural. As primeiras peças foram descobertas quando aliados do ex-presidente tentaram entrar no país com joias não declaradas e, desde então, o caso está no radar da PF.
Foto destaque: Mauro Cid saindo da Polícia Federal após prestar depoimento (Reprodução/Gesival Nogueira/Ato Press/Estadão Conteúdo)