Novos protestos foram registrados na Argentina nessa quarta-feira (10), contra a Lei Ônibus que promete reformas significativas ao país e teve o seu rascunho final apresentado pelo presidente Javier Milei no dia anterior. Dentre os protestos, cerca de 11 pessoas foram presas e diversas ficaram feridas em uma manifestação realizada por organizações sociais em Buenos Aires.
A polícia foi acionada para conter os manifestantes, mas foi atingida com pedras, segundo afirmou Waldo Wolff, ministro de segurança da cidade. Martín Velásquez, um dos manifestantes, contou em entrevista à AFP, que os participantes do protesto também foram atacados pela polícia. “Estávamos nos manifestando sobre a emergência alimentar e social, a falta de comida nos refeitórios populares, e o que recebemos foram paus e balas”, disse Martín.
Vista aérea da manifestação ocorrida em Buenos Aires (Foto: reprodução/Getty Images Embed/Luis Robayo/AFP)
A suspensão da ajuda aos refeitórios populares, também fomentou as manifestações pelo país, que atualmente vive com quase metade da sua população em situação de pobreza. A Avenida 9 de Julho, uma das principais da cidade de Buenos Aires, foi bloqueada no início da tarde dessa quarta-feira (10). Muitas pessoas também se reuniram nas proximidades da atual Secretaria da Criança, do Adolescente e da Família.
Protocolo antipiquete
O “protocolo antipequete”, é uma das primeiras medidas tomadas por Javier Miler, desde que assumiu a sua gestão em dezembro de 2023. A determinação proíbe que manifestantes bloqueiem o tráfego do país durante protestos e permite o uso da força policial de forma proporcional a resistência dos manifestantes.
Manifestantes sendo contidos pela polícia e jatos de água (Foto: reprodução/Getty Images Embed/Luis Robayo/AFP)
O protocolo foi acionado nessa quarta-feira, pelas autoridades que entenderam que não havia a intenção da liberação da Avenida 9 de Julho, por parte dos próprios manifestantes. Eles foram retirados pela polícia com balas de borracha, gás lacrimogêneo e um caminhão pipa.
As mudanças propostas pela Lei Ônibus
O último rascunho da Lei Ônibus, que vem sendo discutida desde fevereiro desse ano, foi apresentado na noite dessa última terça-feira (09), pelo governo argentino. Entre as medidas formuladas, está a concessão para o atual presidente atuar sem o congresso do país durante o período de um ano, nas áreas administrativas, econômicas, financeiras e energéticas.
O pacote prevê que 18 empresas estatais poderão ser parcialmente ou totalmente privatizadas. Dentre as empresas listadas estão o Banco Nacional e a Aerolíneas Argentinas. Além disso a medida estabelece descontos na folha salarial dos funcionários públicos do país, que se ausentarem de seus postos para participar de protestos.
Foto destaque: manifestação realizada por membros de organizações sociais, em Buenos Aires (Reprodução/Getty Images Embed/Luis Robayo/AFP)