Um jovem de 20 anos, pediu a uma juíza e a um promotor para ficar preso por mais algumas horas, para conseguir jantar na cadeia. O caso ocorreu em Santa Luzia, região metropolitana de Belo Horizonte. Luan Vitor da Silva foi preso em flagrante, após roubar um celular na madrugada do último sábado (4).
Com o fim da audiência, por volta das 16h, o jovem pediu para continuar no Presídio Municipal de Santa Luzia até as 18h, horário que normalmente é servido o jantar dos prisioneiros. Luan disse que não queria sair pois passava fome há dias e queria jantar antes de ser solto.
O promotor responsável pelo caso, Luciano Sotero Santiago, do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), disse ter sido um pedido feito de forma espontânea, que pegou todos de surpresa.
“Ele falou: 'Excelência, deixa eu ficar preso até o jantar? Estou com fome, tem dias que eu não como”, disse, em entrevista ao UOL.
Fachada do presídio de Santa Luzia (Foto: Reprodução/ Google Maps)
Luan trabalha fazendo alguns bicos como pedreiro. Ele não tinha antecedentes criminais e foi solto após a audiência, já que não se pode cumprir pena antecipada antes de o processo ser julgado.
A juíza Elâine de Campos Freitas afirmou ao réu que o alvará de soltura iria demorar algumas horas e que ele poderia jantar. Ela solicitou, também, que Luan fosse encaminhado para Secretaria de Saúde de Santa Luzia para receber acompanhamento médico, já que, ele aparentava apresentar problemas psiquiátricos.
O promotor disse ainda em entrevista ao UOL, que Luan não deixou claro se vive nas ruas.
“É muito triste que a falta de perspectiva coloque jovens como o Luan diante de um dilema como esse. Desejar estar preso, ainda que em condições precárias, com celas mofadas e superlotadas, para poder ter cama, comida e teto" alegou o promotor.
Existem evidências que mostram que o roubo foi praticado por conta da fome.
Foto Destaque: Pessoa segurando vasilha de comida - Créditos: Getty Images