Após 45 dias de guerra, Israel e Hamas aprovaram na última terça-feira (21), uma trégua temporária na Faixa de Gaza e a negociação pelo acordo foi mediada pelo Catar. Além disso, o acordo prevê a libertação de 50 dos 250 sequestrados pelo Hamas durante o ataque de 7 de outubro, e a soltura de cerca de 150 palestinos presos em Israel. Os dois lados também acordaram em permitir a entrada diária de aproximadamente 300 caminhões de ajuda em Gaza, que virão do Egito.
Essa decisão aconteceu depois de uma série de reuniões entre o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, e outras autoridades de seu governo. As negociações avançaram durante a madrugada desta quarta-feira (22), pelo horário local. Antes disso, Netanyahu havia assegurado para as autoridades de segurança de alto escalão do governo israelense que a ofensiva ao Hamas iria ser retomada após a libertação dos reféns.
Negociações entre os dois lados
Segundo a imprensa israelense, os primeiros reféns serão libertados nesta quinta-feira (23). De acordo com o governo, mulheres e crianças que estão sob o poder do Hamas serão liberados entre os quatro dias de cessar-fogo. O gabinete de Netanyahu afirmou ainda que a pausa dentro do conflito pode ser prorrogada por um dia para cada dez reféns liberados.
O acordo foi negociado durante semanas de conversas em Doha, no Catar - país que faz mediações ao lado dos Estados Unidos entre o Hamas e Israel. Segundo o canal estadunidense, CNN, a resolução foi aprovada por uma “maioria significativa” do gabinete de guerra do governo de Israel durante uma votação que durou mais de seis horas.
Previsões do acordo
O acordo prevê que durante a sua primeira fase, o Hamas deva soltar cerca de 50 mulheres e crianças israelenses que estão detidas em Gaza, enquanto por outro lado, deverá liberar cerca de 150 prisioneiros palestinos, em sua maioria mulheres e crianças. As liberações devem acontecer durante um período de quatro dias.
Também foi estabelecido que Israel irá permitir a entrada de aproximadamente 300 caminhões com ajuda humanitária, incluindo combustível, que virão do Egito.
Já a segunda fase do acordo prevê que o Hamas possa libertar mais reféns em troca da extensão de um cessar-fogo. Estima-se que cerca de 240 pessoas estejam sendo mantidas reféns desde o começo do conflito, no dia 7 de outubro, sendo a maioria israelense.
O acordo que foi mediado por Catar e Estados Unidos foi aceito pelo governo israelense. (Foto: reprodução/JOHN MACDOUGALL/AFP)
Reféns que estão sob poder do Hamas
Os reféns que estão sob o poder do Hamas foram sequestrados no dia 7 de outubro, dentro do território israelense. Neste dia, terroristas armados invadiram o país, sequestraram e mataram centenas de pessoas. A maioria das pessoas sequestradas vivia em fazendas coletivas, que também são conhecidas como "kibutz". Além disso, o Hamas também sequestrou pessoas que estavam em um festival de música ao ar livre.
O Hamas afirma que seus reféns estejam sendo mantidos em túneis e locais seguros. A maioria dos reféns é israelense, mas há pessoas com cidadanias de outros países do mundo, como Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha. O governo israelense estimou que cerca de 40 reféns sejam crianças.
Desde o início do conflito, apenas quatro pessoas que foram sequestradas foram liberadas pelo Hamas. As duas primeiras foram uma mãe e uma filha, com cidadania norte-americana. Após isso, duas mulheres israelenses também foram liberadas.
Prisioneiros Palestinos
Durante esta semana, a ONG Addameer havia relatado que cerca de 200 homens, a maioria adolescentes, estavam detidos em Israel, juntos com 75 mulheres e cinco garotas adolescentes. Antes dos ataques do Hamas em outubro, a organização afirmava que havia cerca de 150 homens e 30 mulheres e meninas em prisões israelenses.
A ONG também afirma que o número de prisioneiros políticos palestinos em Israel chegou a ser de 7.000 pessoas, contando com israelenses, residentes de Gaza e Cisjordânia. Segundo a Assameer, a maioria dos presos desde a ofensiva do Hamas estão sob “detenção administrativa”, ou seja, estão presos indefinitivamente sem acusações.
Segundo o site Axios, o acordo que foi aprovado na última terça-feira estabeleceu que, nas próximas 24 horas, os nomes dos prisioneiros palestinos a serem libertos serão divulgados, fazendo com que os cidadãos israelense contestem a liberação por meio judicial. Além disso, Israel não irá soltar prisioneiros palestinos condenados por assassinatos de cidadãos israelenses.
Foto Destaque: Palestinos andando perto de um prédio destruido na cidade de Gaza. (Foto: reprodução/Abdel Kareem Hana/Associated Press)