As regiões Norte e Nordeste do Brasil possuem o pior índice percentual de insegurança alimentar do país, segundo um estudo da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan). O estudo compõe o 2° Inquérito Nacional sobre insegurança alimentar no contexto da pandemia (II VISIGAN), e indica que a situação alimentar dessas macrorregiões do Brasil é muito ruim, e ela piora quando os domicílios possuem crianças de até dez anos ou recebem uma renda familiar per capita inferior a meio salário mínimo.
Em sete estados dessas regiões, os domicílios que possuem crianças de até 10 anos apresentam insegurança alimentar moderada ou grave acima dos 50%. Os estados são Maranhão (63,3%), Amapá (60,1%), Alagoas (59,9%), Sergipe (54,6%), Amazonas (54,4%), Pará (53,4%) e Ceará (51,6%).
Mulher pegando sua refeição (Foto: Reprodução/ECOA)
Além disso, residências cuja renda familiar per capita é igual a meio salário mínimo também estão passando por uma situação de insegurança alimentar moderada ou grave. No estado do Maranhão, por exemplo, 72% das casas recebem essa quantidade de dinheiro e passam por esses níveis de insegurança alimentar.
Com base nisso, o estudo acredita ser possível relacionar o endividamento com a fome. Ana Maria Segall, pesquisadora da Fiocruz e da Penssan, relatou que o endividamento das famílias das regiões Norte e Nordeste é tão alto que o Auxílio Brasil não consegue cobrir todas as despesas. “Mesmo as famílias que recebem o Auxílio Brasil, por estarem endividadas, não conseguem utilizá-lo somente para a compra de alimentos. O recurso precisa ser utilizado para pagar outras necessidades básicas, como aluguel, transporte, luz e água", disse a pesquisadora.
Rosana Sales, outra pesquisadora da Penssan e professora de nutrição da UFRJ, complementou a fala de Ana Maria dizendo que o Auxílio Brasil ajuda muitas pessoas, mas não todos os indivíduos em situação de fome.
Foto destaque: Reprodução/Arquivo/Agência Brasil