A duas semanas do fim, junho é o mês com o maior registro de queimadas no Pantanal dos últimos 26 anos. A seca prolongada e a falta de chuvas desde outubro de 2023 agravaram ainda mais a situação na região, com uma restrição ainda maior de seus habitats. A vida selvagem local sofre enquanto as autoridades aumentam os esforços de combate ao fogo. Corumbá é a cidade mais afetada.
Impacto na vida selvagem e ambiental
À medida que as chamas avançam, deixam para trás um rastro de destruição. Além das árvores importantes para o ecossistema da região, diversos corpos de animais mortos pelo incêndio são vistos pelo bioma. Em entrevista à ‘TV Globo’, a veterinária Franciele Cunha de Oliveira afirmou que a seca severa está reduzindo os refúgios úmidos essenciais para a sobrevivência de anfíbios e répteis, deixando-os vulneráveis às chamas. “Esses refúgios úmidos estão diminuindo e os animais, principalmente os anfíbios e répteis, precisam dessa umidade, desses refúgios, para sobreviver. Então, essa seca já está afetando esses refúgios e, consequentemente, provoca o fogo”, disse a veterinária ao ‘Jornal Nacional’.
Pantanal volta a sofrer com chamas (Foto: reprodução/Instagram/@ihp_pantanal_)
Segundo levantamentos do INPE, junho já é o mês com o maior número de registros de queimadas na região nos últimos 26 anos. Os números ainda podem piorar, uma vez que ainda faltam duas semanas para o encerramento do mês. Neste período do ano, normalmente é época de cheias no Rio Paraguai, porém este ano a situação é inversa, a seca contribui para o avanço das chamas em regiões que historicamente deveriam estar alagadas. O município de Corumbá, no Mato Grosso do Sul, é o que mais registrou focos de incêndio no ano de 2024, com os registros já passando de 1.200.
Esforços de combate e desafios logísticos
Na linha de frente do combate às chamas estão mais de 100 bombeiros, brigadistas do Ibama e pessoas ligadas ao Instituto Homem Pantaneiro, atuando em pelo menos 13 pontos isolados do Pantanal de Mato Grosso do Sul. A falta de estradas e a escassez hídrica dificultam ainda mais as operações, exigindo uma ação inteligente do centro de comando em Campo Grande. Segundo a tenente-coronel Tatiane Inoue, do Corpo de Bombeiros de MS, devido às suas peculiaridades, o bioma Pantanal é uma situação que requer mais estrutura para sua conservação devido à dificuldade imposta pelo terreno.
Incêndio no Pantanal (Foto: reprodução/Rogerio Florentino/AFP/Getty Images Embed)
A população local também sofre com a seca e as queimadas. Em entrevista ao ‘JN’, a cozinheira Fátima Margarida Amorim Brandão, que mora perto de onde estão ocorrendo os incêndios, disse que cuida da saúde do jeito que pode, pois a fumaça afeta sua qualidade de vida e também o meio ambiente. “Preocupa tudo sim, porque é vida, né? Não é só com a nossa vida, mas a vida dos animais também. As aves também, os pássaros. Enfim, todas as espécies de animais”, disse a moradora.
Foto destaque: Bombeiros monitoram cenário de incêndio florestal no Pantanal (Reprodução/Rogerio Florentino/AFP/Getty Images)