Na sexta-feira (23), o governo brasileiro informou que não assinou o comunicado que refuta o resultado das eleições na Venezuela. O motivo de não terem assinado é porque não concordaram com o conteúdo e o tom do texto. O comunicado foi assinado pelos Estados Unidos, União Europeia, 10 países da América Latina e a Organização dos Estados Americanos (OEA) e todos os signatários afirmam que a eleição na Venezuela foi fraudulenta.
Postura do Brasil
O governo brasileiro vem mantendo uma postura neutra durante a tensão política na Venezuela, não reconhecendo a fraude ou a eleição de Nicolás Maduro. O único posicionamento do Brasil foi em relação às atas, onde o governo continua exigindo as atas eleitorais para comprovar se houve ou não fraude no resultado das eleições venezuelanas. Ainda, preza pela transparência e firmeza na cobrança das atas.
Nicolás Maduro e Lula em uma visita ao Palácio do Planalto em Brasília em 2023 (Foto: reprodução/Anadolu/Getty Images Embed)
O presidente Lula já foi próximo de Maduro, com visitas e um relacionamento diplomático com o político. Apesar desse posicionamento, o Brasil vem sendo pressionado para tomar uma posição mais concreta da situação política. As conversas com a Colômbia estão mantidas, o país vizinho está colado com a fronteira da Venezuela e tem contato direto com a oposição de Maduro, liderada por María Corina Machado e Edmundo González (o último foi o concorrente de Nicolas e tem sua vitória reconhecida por alguns países).
Vitória de Maduro reconhecida e consequências
A suprema corte da Venezuela divulgou na quinta-feira (22) um comunicado reconhecendo a vitória de Nicolás Maduro e proibiu a divulgação das atas do resultado. A corte, que é alinhada com o regime de Maduro, informou que a sua decisão é inapelável e declarou que Edmundo está sujeito às sanções por cometer crimes de desacato à autoridade.
A oposição questionou a decisão da corte e a candidatura de María Corina Machado teve sua candidatura barrada antes de oficializar o nome de Edmundo González na disputa eleitoral. A sentença foi resultado de uma suposta auditoria que o Supremo fez com base nas atas eleitorais, a pedido de Nicolás. A corte ainda afirmou que ocorreu um ataque cibernético no sistema, o que fez com o resultado demorasse a ser divulgado.
Foto destaque: Membros da suprema corte venezuelana durante a audiência sobre o reconhecimento da vitória de Maduro (Reprodução/Yuri Cortéz/AFP)