O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se posicionou com relação à questão mal resolvida envolvendo Guiana e a Venezuela, e que a América do Sul não precisa de confusão. Já indicado ao prêmio Nobel da Paz, o presidente brasileiro segue defendendo a oposição à guerra, afirmando que mais vale uma conversa do que um confronto, e que prevaleça o bom senso de ambos os lados. O presidente brasileiro acrescentou que é preciso pensar nos povos e não numa guerra. "Se tem uma coisa que estamos precisando para crescer e para melhorar a vida do nosso povo é a gente baixar o facho, trabalhar com muita disposição de melhorar a vida do povo, e não ficar pensando em briga, não ficar inventando história", afirma.
Venezuelanos votam
Neste domingo (03), os eleitores da Venezuela devem votar em um referendo que propõe a posse da região de Essequibo, atualmente pertencente à Guiana.
O referendo em questão, conta com cinco perguntas, incluindo a rejeição da fronteira atual; o Acordo de Genebra de 1966; Posição da Venezuela de não reconhecer a jurisdição do Corte Internacional de Justiça; Sobre a discordância com relação à Guiana usar uma região marítima na qual não há a existência de limites estabelecidos e a criação do estado Guiana Essequiba, com um plano de atenção à população territorial, incluindo a consessão de cidadania venezuelana.
Venezuelanos na disputa por território predominantemente pertencente à Guiana (Foto: reprodução/Estadão)
Irfaan Ali, o presidente da Guiana pretende estabelecer bases militares sob apoio estrangeiro e o general Vladimir Padrino, ministro da Defesa venezuelano critica ao presidente guiano, "Com esses estilos e formas de 'valentão de bairro', não vamos resolver essa questão. Essa disputa não é assim, não é convocando o Comando Sul (exército dos EUA) para estabelecer uma base de operações nesse território, com essa arrogância (que se resolve)".
Questões geopolíticas e a raiz da tensão
O professor e pesquisador do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI), Ronaldo Carmona, pontua que o problema deveria se resolver pelos sul-americanas e o conflito é justificado com questões externas. Segundo o pesquisador, a Guiana se sente ameaçada, razão pela qual pretende instalar bases militares estrangeiras.
Essequibo é uma área maior de maior extensão equiparada à Grécia, e a disputa territorial existe há mais de um século. A região atualmente representa 70% do território da Guiana, abrangendo 125 mil habitantes.
Quanto à parte que engloba a Venezuela, a área é chamada de Guiana Essequiba. Trata-se de uma região de mata densa, e em 2015 foi localizado petróleo no local. Devido à existência de petróleo, a Guiana é o país que mais cresceu nos últimos anos. Documentos internacionais apontam que ambos os países possuem direito sobre o território.
Preocupação do governo brasileiro
De acordo com Gisela Padovan, secretária de América Latina e Caribe do Itamaraty, está sendo acompanhado e conversado com a Guiana, e sobre a ida do embaixador Celso Amorim a Caracas para reunião com o governo, a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, após uma avaliação brasileira de que a ação da venezuela com relação à anexação de Essequibo, teria ultrapassado limites, afirmou Reuters, fonte que acompanha os diálogos.
O governo brasileiro não solicitou o cancelamento do referendo venezuelano, mas pediu a Nicolás Maduro, que amenizasse o tom da campanha, dando vez a uma resolução mais pacífica. Na próxima sexta, Lula também terá uma reunião com Irfaam Ali, presidente da Guiana.
Em uma reunião da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), que ocorreu na semana passada, em Brasília, os representantes dos países envolvidos discutiram em tom de provocações, sendo necessário a intervenção de outros países, "Semana passada os dois países sentaram... e devo dizer ali teve uma energia, uma linguagem um pouco mais elevada por parte da Venezuela, mas eles têm sentado sem qualquer problema na OTCA cooperando na questão da Amazônia sem qualquer problema", afirmou Gisela.
O esperado pelo governo brasileiro é que a anexação vença o referendo, pelo fato de ser um dos poucos assuntos que une governo e oposição venezuelana, porém, é imprevisível a pretensão do presidente da Venezuela mediante resultado.
Foto destaque: presidente Luiz Inácio Lula da Silva (reprodução/Metrópoles)