Indígenas afirmam que duas crianças e um adolescente foram amarrados a um tronco de árvore e ameaçados por garimpeiros. O ato foi gravado e aconteceu dentro da reserva yanomami.
Segundo informações dos indígenas, o vídeo teria sido gravado na última terça-feira (19) pelos garimpeiros enquanto estavam em território indígena Yanomami, em Surucucu. Na gravação, é possível ouvir a todo momento os garimpeiros ameaçando os indígenas com uma espingarda. “Desce a espingarda aí” um deles diz.
Os garimpeiros acusaram os indígenas de terem roubado celulares, e a ação foi uma tentativa de recuperarem os objetos.
Resposta das autoridades
Dário Kopenawa, vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami, comentou o caso. "As crianças estão correndo risco nesta região. E os garimpeiros amarraram as crianças. Isso a gente recebeu. Por isso, nós estamos preocupados. As autoridades - como a Polícia Federal, o Ministério Público Federal, a Funai, o Exército e o Ministério Público -, queremos apuração urgente nessa violência grave que está acontecendo na Terra Yanomami", diz ele.
No Brasil, norte tem maior número de reservas indígenas. (Foto: reprodução/Rodrigo Farhat/Pixabay)
Um ofício foi enviado ao Ministério Público, à Polícia Federal, à Funai e ao Ibama, que trata-se de uma ordem com objetivo de atender a formalidades jurídicas. A Associação Hutukara diz que não foi possível apurar o desfecho do episódio, mas que, por conta da gravidade do caso, a resposta precisa ser o mais rápida possível.
A região
A reserva Yanomami é um território indigena nos estados do Amazonas e Roraima, com várias unidades de conservação federais e estaduais.
Hakoma, mais especificamente, fica próximo a região de Alto Alegre, município do Maranhão. Hakoma possui um dos maiores índices de garimpo ilegal do país.
As atividades ilegais em um dos maiores territórios do Brasil enfrenta um avanço ainda maior. No ano passado, a devastação ilegal aumentou cerca de 54%, e mesmo depois de o governo federal decretar Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (Espin), as atividades ilegais continuam causando estragos no território indígena. Segundo o Ministério da Defesa, os garimpeiros ocupam cerca de 215 hectares do território.
Foto destaque: Indígena brasileira. Reprodução/Deb Dowd/Unsplash