Uma delegação americana liderada por David Gamble, Chefe Interino da Coordenação de Sanções Internacionais dos Estados Unidos da América, chegará a Brasília nesta segunda-feira (05) para tratar com integrantes do Governo de Lula de questões relacionadas à segurança pública e ao crime organizado.
A informação foi confirmada pela Embaixada dos EUA por meio de um comunicado feito no domingo (04), como mostra a matéria do “O Globo” publicada no mesmo dia. O posicionamento formalizado da diplomacia americana contrariou as informações que foram ventiladas inicialmente pelo Deputado Federal licenciado de suas funções na Câmara, Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Eduardo tinha anunciado que Gamble viria para tratar, dentre outros motivos, de possíveis sanções a autoridades brasileiras.
Segundo o texto oficial da embaixada, repercutido pelo site da CNN, na agenda de compromissos de Gamble há apenas reuniões bilaterais com o Itamaraty e Ministério da Justiça para discutir sobre organizações criminosas transnacionais e sobre programas de sanções dos EUA voltados ao combate ao terrorismo e ao tráfico de drogas.
Já conforme a apuração da Revista Oeste publicada no último sábado (02), a vinda de David Gamble vai um pouco além do que a embaixada publicou. Dentre as questões mencionadas, o chefe da comitiva americana pretende tratar, sobretudo, de possíveis punições ao Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, e a outras autoridades.
Para tanto, o americano vai se encontrar com congressistas de direita do Brasil a fim de discutir a atuação do Judiciário e tendo como foco o ministro do STF.
De acordo com matéria do site de notícias "Poder 360", esse encontro foi de fato confirmado pelo Líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), mas não necessariamente para já aplicar sanções.
Essa é uma fase em que o representante do Governo dos EUA apenas avaliará o cenário ouvindo os parlamentares de direita e os membros da Situação.
Articulação para vinda de David Gamble
O Deputado Eduardo Bolsonaro, que se afastou temporariamente das funções parlamentares para ficar nos EUA enquanto se defende de acusações do Judiciário brasileiro, é o articulador dessa visita do Chefe das Sanções Internacionais do governo americano. As negociações já vinham ocorrendo e chegaram a ser comentadas na semana passada em redes sociais.
Ainda segundo a matéria da Revista Oeste do último sábado, David Gamble já tem reunião marcada com o Senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e pretende encontrar-se com o ex-presidente da República, Jair Bolsonaro.
Conforme informações da apuração da CNN, o representante do governo Trump também deve se reunir com membros do governo brasileiro e também deve ir ao partido MDB.
Não há menção à discussão de punições ao Governo Federal do presidente Luís Inácio Lula da Silva.
Motivo da tensão entre Moraes e Trump
Em dezembro de 2023, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, ordenou a remoção de conteúdos publicados na plataforma digital canadense "Rumble" por perfis de brasileiros críticos do STF e de parlamentares da oposição ao Governo de Lula. A alegação do ministro foi de que se tratava de materiais ofensivos e falsos. Além disso, Moraes ainda suspendeu as contas dessas mesmas pessoas no "Rumble" e na rede social americana "X", também sob a mesma justificativa.
A atitude de Moraes ensejou uma resposta drástica da empresa canadense, que suspendeu temporariamente seus serviços no Brasil.
Para a "X" (ex-Twitter) e para a liderança da "Rumble", que é uma plataforma de compartilhamento de vídeos cuja política de moderação apresenta menos restrições e, por isso, é conhecida como mais flexível em comparação com suas concorrentes, as ordens do Ministro Alexandre de Moraes ferem a legislação americana e a Primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos, já que estabelece garantias da liberdade de expressão.
O episódio provocou um conflito envolvendo Trump e "Rumble" contra Moraes. Após a decisão do STF, o ministro brasileiro passou a travar uma disputa judicial com a empresa "Rumble", que é sediada na Flórida. Alexandre de Moraes está sendo processado no Tribunal Federal da Flórida (estado americano) pela Trump Media & Technology Group e pela plataforma "Rumble".
A leitura que as empresas e o governo americano fizeram do caso é que a atitude de Alexandre de Moraes significa uma tentativa de impor uma interpretação particular e uma norma jurídica brasileira sobre uma empresa americana, sem consentimento do governo dos EUA, reforçando, assim, a imagem de uma autoridade disposta a estabelecer sua agenda própria alheio à democracia e à liberdade.
O Ministro do STF, Alexandre de Moraes, durante sessão em Brasília (Foto: reprodução/Ton Molina/Bloomberg/Getty Images Embed)
Essa situação tensa criou o ambiente favorável para justificar a visita de David Gamble. Durante as conversas já agendadas com congressistas da Oposição, o americano avaliará se no Brasil há restrição à liberdade de expressão e perseguição a políticos de direita que opinam e contrariam o atual Governo Federal e o Judiciário.
Conforme publicação do site "Poder 360" de domingo (04), o deputado Eduardo questiona as ações de outras autoridades, como o procurador-geral da República, Paulo Gonet.
“Se Deus quiser, os violadores sistemáticos de direitos humanos serão punidos”, afirmou o parlamentar licenciado e filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Nas redes sociais circula um vídeo em que Eduardo diz que a “batata” do ministro do STF “está esquentando” nos EUA.
A "Oeste" expôs o posicionamento de Donald Trump sobre Alexandre de Moraes. Segundo o Presidente dos EUA, o Ministro do STF promove censura ao ordenar bloqueio e banimento de contas em redes sociais e que persegue opositores políticos conservadores.
Foto Destaque: O Coordenador de Sanções do Governo dos EUA, David Gamble, posa para foto (Reprodução/X/@rafaelfontana)