Um levantamento divulgado nesta quarta-feira (8), indica que o país soma atualmente cerca de 33,1 milhão de pessoas sem ter o que comer diariamente, sendo quase o dobro de pessoas em situação de fome estimado em 2020, ou seja, a fome avança cada vez mais rápido pelo Brasil. No total, 14 milhões de pessoas a mais estão passando fome no país.
Os dados foram fornecidos pelo 2° Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da covid-19 no Brasil, realizado pela Rede Brasil de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional.
O 1° inquérito dessa pesquisa foi divulgado em abril de 2021, e nele indicava que cerca de 19 milhões de pessoas não tinham nada para comer, 9 milhões a mais que em 2018.
Esse avanço está diretamente ligado a pandemia da covid-19 que acometeu o mundo em 2020.
Uma médica epidemiologista, pesquisadora da Rede Penssan, disse ao G1 que os caminhos escolhidos pela gestão e políticas econômicas levarão ao aumento da desigualdade social e fome do país.
Três décadas de retrocesso
O Penssan destacou que o cenário da fome apresentado no primeiro inquérito, retornava ao que era observado em 2004, e que o país voltou a ser o que era em 1990.
Fome dobra no Brasil e 33,1 milhões de brasileiros estão nesta situação (Vídeo: Reproduçaõ/Youtube)
A pesquisa foi feita a partir das 12.745 entrevistas em domicílios de famílias brasileiras, que aconteceu entre novembro de 2021 e abril de 2022, em áreas urbanas e rurais.
Insegurança alimentar
Leve: preocupação ou incerteza quanto acesso aos alimentos no futuro, além da queda na qualidade adequada dos alimentos.
Moderada: redução quantitativa no consumo de alimentos entre os adultos e/ou ruptura nos padrões de alimentação.
Grave: redução na quantidade de alimento ingeridos pelas crianças, ou seja, ruptura nos padrões de alimentação resultante da falta de alimentos entre todos os moradores do domicílio. Dessa forma, a fome passa a ser uma experiência vivida no lar.
No Brasil a perda dessa segurança alimentar está ligada à atuação governamental, segundo o coordenador da Rede Penssan, pois as medidas do governo para combater a fome é isolada e insuficiente, além da alta dos alimentos e da taxa de desemprego.
Estatísticas apontam que cerca de 15% das famílias brasileiras enfrentam a fome, devido a fatores regionais e sociais, principalmente para aqueles que moram em zonas rurais do norte e nordeste do país.
Foto destaque: Pessoa revira lixo em busca de alimento em registro feito em outubro de 2021. Reprodução/Aloisio Mauricio/G1.