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Fome no Brasil: número de brasileiros sem ter o que comer quase dobra em 2 anos de pandemia

Cerca de 33,1 milhões de brasileiros vivem em situação de fome, 14 milhões a mais que em 2020. Avanço tem ligação com a pandemia da covid-19, que atingiu o mundo em 2020.

08 Jun 2022 - 18h20 | Atualizado em 08 Jun 2022 - 18h20
Fome no Brasil: número de brasileiros sem ter o que comer quase dobra em 2 anos de pandemia Lorena Bueri

Um levantamento divulgado nesta quarta-feira (8), indica que o país soma atualmente cerca de 33,1 milhão de pessoas sem ter o que comer diariamente, sendo quase o dobro de pessoas em situação de fome estimado em 2020, ou seja, a fome avança cada vez mais rápido pelo Brasil. No total, 14 milhões de pessoas a mais estão passando fome no país.

Os dados foram fornecidos pelo 2° Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da covid-19 no Brasil, realizado pela Rede Brasil de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional.

O 1° inquérito dessa pesquisa foi divulgado em abril de 2021, e nele indicava que cerca de 19 milhões de pessoas não tinham nada para comer, 9 milhões a mais que em 2018.

Esse avanço está diretamente ligado a pandemia da covid-19 que acometeu o mundo em 2020.

Uma médica epidemiologista, pesquisadora da Rede Penssan, disse ao G1 que os caminhos escolhidos pela gestão e políticas econômicas levarão ao aumento da desigualdade social e fome do país.

Três décadas de retrocesso

O Penssan destacou que o cenário da fome apresentado no primeiro inquérito, retornava ao que era observado em 2004, e que o país voltou a ser o que era em 1990.


Fome dobra no Brasil e 33,1 milhões de brasileiros estão nesta situação (Vídeo: Reproduçaõ/Youtube)


A pesquisa foi feita a partir das 12.745 entrevistas em domicílios de famílias brasileiras, que aconteceu entre novembro de 2021 e abril de 2022, em áreas urbanas e rurais.

Insegurança alimentar

Leve: preocupação ou incerteza quanto acesso aos alimentos no futuro, além da queda na qualidade adequada dos alimentos.

Moderada: redução quantitativa no consumo de alimentos entre os adultos e/ou ruptura nos padrões de alimentação.

Grave: redução na quantidade de alimento ingeridos pelas crianças, ou seja, ruptura nos padrões de alimentação resultante da falta de alimentos entre todos os moradores do domicílio. Dessa forma, a fome passa a ser uma experiência vivida no lar.

No Brasil a perda dessa segurança alimentar está ligada à atuação governamental, segundo o coordenador da Rede Penssan, pois as medidas do governo para combater a fome é isolada e insuficiente, além da alta dos alimentos e da taxa de desemprego. 

Estatísticas apontam que cerca de 15% das famílias brasileiras enfrentam a fome, devido a fatores regionais e sociais, principalmente para aqueles que moram em zonas rurais do norte e nordeste do país.

 

Foto destaque: Pessoa revira lixo em busca de alimento em registro feito em outubro de 2021. Reprodução/Aloisio Mauricio/G1. 

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