O ministro das Comunicações Fábio Faria declarou-se arrependido de ter levantado suspeitas sobre falhas nas inserções em emissoras de rádio. A declaração veio após o assunto ganhar notoriedade e passar a ser utilizado por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro como pedido de adiamento das eleições.
Fábio Faria, um dos coordenadores da campanha do candidato à reeleição, informou que ao convocar uma coletiva de imprensa na segunda-feira, 24, o seu objetivo era tentar um acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para ‘compensar’ os eventuais prejuízos na propaganda de Bolsonaro. Foi também dito por Faria que as falhas nas inserções eram do Partido Liberal (PL), por perceber o problema tardiamente.
“Entrei nesse tema para resolver inserção via inserção, para tentar mediar um acordo entre o TSE e a campanha. Quando esse assunto escalou, eu saí. Eu me arrependi porque o assunto escalou. Se fosse o tema só a inserção, tudo bem.” Declarou o ministro ao Jornal O Globo.
A problemática das inserções iniciou na última segunda-feira, 24, quando os advogados da campanha de Jair Bolsonaro (PL) apresentaram um pedido ao TSE de suspenção das inserções do candidato Lula (PT) em todas as rádios do país, devido a uma alegação, sem provas, de que algumas rádios estariam priorizando as inserções do petista.
Na quarta-feira, 26, o ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE, negou o pedido feito pela campanha de Jair Bolsonaro por ausência de provas e inconsistências no levantamento apresentado pela campanha. Foi também determinado pelo ministro a apuração de crimes eleitorais com a finalidade de tumultuar o segundo turno.
O ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE. Foto: Antonio Augusto/TSE
Rádios dizem não terem recebido as inserções
As rádios JM, de Minas Gerais, e Viva Voz, da Bahia, informaram que as inserções do candidato Jair Bolsonaro não foram enviadas pelo partido a tempo de serem veiculadas nas emissoras.
A rádio JM foi citada no depoimento do ex-funcionário do TSE, Alexandre Gomes Machado, de 51 anos. Machado era responsável pelo recebimento dos arquivos das propagandas eleitorais e pela disponibilização das peças ao sistema eletrônico do TSE. Ele foi exonerado do seu cargo, e em depoimento a Policia Federal disse ter sido demitido após informar aos seus superiores sobre uma suposta falha na veiculação das inserções nas rádios. A Corte informou que a demissão aconteceu devido a “práticas de assédio moral, inclusive por motivação política.” A rádio baiana, Viva Voz, foi incluída na petição da campanha de Bolsonaro.
Foto Destaque: Ministro das Comunicações Fábio Faria. Foto: Alan Santos/PR