Segundo pesquisas recentes, tem havido um considerável aumento no número de casos de indivíduos com câncer de pele ultimamente. Um dos fatores que pode ter contribuído para isso é a possível restrição no uso de protetores solares.
Cientistas do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (IQ-USP) revelaram uma análise abrangente dos impactos das moléculas originadas pelo corpo humano ao ser exposto à luz solar na pele, conhecidas como fotossensibilizadores endógenos. São geradas pelo próprio organismo durante a exposição à luz, quando essas moléculas convertem a energia luminosa em atividade química, desencadeando processos tanto benéficos quanto prejudiciais.
Após investigarem as conexões entre a excitação eletrônica dos fotossensibilizadores endógenos e a subsequente ativação ou os danos das biomoléculas, constataram que houve um grande aumento em nível global de pessoas que desenvolveram câncer de pele. Também foi ressaltada a restrição das estratégias de proteção solar atualmente aplicadas.
Câncer de pele. (Foto: reprodução/Shutterstock/Saúde em Dia)
Câncer de Pele
O câncer de pele é a neoplasia mais comum tanto no Brasil quanto em todo o mundo, afetando a pele. Geralmente associado a pessoas idosas com mais de 40 anos, este tipo de tumor é primordialmente desencadeado por uma exposição excessiva aos raios solares. O câncer de pele surge quando as células proliferam de maneira desordenada e pode ser dividido em duas categorias distintas:
- Câncer de Pele Melanoma: Origina-se das células produtoras de melanina e pode surgir em qualquer região do corpo, seja na pele ou nas membranas mucosas, manifestando-se como manchas, pintas ou sinais.
- Câncer de Pele Não Melanoma: Corresponde a cerca de 30% de todos os casos de tumores malignos, sendo mais prevalente no Brasil. Contudo, apresenta uma alta taxa de cura quando diagnosticado e tratado precocemente.
A pele humana é constituída por três estratos: epiderme, derme e hipoderme. A luz penetra em diferentes profundidades do tecido, variando conforme o comprimento de onda da radiação, as propriedades das substâncias absorventes presentes e as características ópticas da pele.
Os raios ultravioleta A (UVA) e a luz visível alcançam a camada basal das células e a derme, sendo captados por fotossensibilizadores naturais. De acordo com os estudos, a luz visível corresponde aproximadamente a 47% da radiação solar total que atinge a pele humana, sendo a faixa espectral responsável pela geração mais significativa de radicais livres durante a exposição solar.
Embora a radiação UVB seja geralmente considerada mais prejudicial devido à sua capacidade de ser absorvida diretamente pelo DNA, o estudo demonstrou que a fotossensibilização possibilita à luz visível e à radiação UVA causarem impactos significativos na pele.
Danos
A exposição excessiva ao sol pode desencadear uma série de efeitos adversos na pele, como apoptose (morte celular programada), queimaduras solares, hiperproliferação e mutações. Esses efeitos são desencadeados tanto por danos diretos às nucleobases do DNA (adenina, guanina, citosina e timina), quanto por danos indiretos resultantes da oxidação dessas nucleobases ou de outras moléculas essenciais para a sobrevivência celular.
Certamente, a sobrevivência ou morte das células após a exposição à radiação solar está diretamente ligada à extensão dos danos infligidos aos principais componentes intracelulares, incluindo mitocôndrias, retículo endoplasmático e lisossomos. Mesmo concentrações baixas de fotossensibilizadores eficazes podem desencadear diferentes formas de morte celular programada, afetando esses componentes celulares. Isso ressalta que os efeitos da radiação não dependem apenas das propriedades fotoquímicas inerentes dos fotossensibilizadores, mas também de onde eles estão localizados nas células.
A radiação UVA é capaz de provocar tanto danos diretos através do foto dano quanto reações de oxidação sensibilizadas pela luz, que têm o potencial de prejudicar a viabilidade de células situadas em camadas mais profundas da pele e dos olhos. Esses efeitos podem ser desencadeados por diversos mecanismos, incluindo a peroxidação lipídica (oxidação de lipídios por peróxidos), dano ao DNA e ativação de vias de sinalização pró-inflamatórias. Isso resulta em disfunção celular, inflamação e um aumento potencial do risco de distúrbios cutâneos e oculares, como ceratose, actínia, fotoenvelhecimento, carcinoma basocelular, carcinoma de células escamosas, catarata e degeneração macular relacionada à idade.
Cuidado
A quantidade ideal de exposição solar varia de acordo com diversos fatores, incluindo a latitude, a estação do ano e as características individuais da pele. No entanto, a pele oferece um mecanismo claro de sinalização quando a exposição é excessiva: o eritema, ou seja, a vermelhidão da pele.
O eritema é uma reação de proteção natural do corpo humano, desenvolvida ao longo da evolução, para evitar os efeitos adversos do excesso de exposição solar. Quando a pele fica vermelha, é um sinal de que a exposição solar ultrapassou um limite seguro. É nesse momento que se recomenda buscar sombra e proteção, pois continuar na exposição solar excessiva pode resultar em queimaduras solares, danos ao DNA e aumentar o risco de problemas de saúde a longo prazo, como o câncer de pele.
Portanto, prestar atenção à reação de eritema e usar esse sinal natural como um indicador para se proteger do sol é uma medida importante para manter a saúde da pele.
Foto destaque: cuidados com o protetor solar em pessoas com câncer de pele. Reprodução /Shutterstock