Na última quarta-feira (3), 84 pessoas foram mortas e 284 ficaram feridas após duas explosões em Kerman, durante uma procissão em memória do general Qassim Suleimani, morto em uma operação americana em 2020. O Estado Islâmico (ISIS) reivindicou a autoria das explosões através de seu canal no Telegram, celebrando a morte do general, que combateu o grupo no Iraque e liderou uma coalizão de grupos xiitas em todo o Oriente Médio. Este ataque é considerado o mais devastador no país desde a Revolução Iraniana de 1979.
Qassim Suleimani, à esquerda, general morto em 2020, e Abu Mahdi al-Muhandis (Foto: reprodução/Fars Media)
Estado Islâmico reivindica explosões em procissão do general Qassim Suleimani
Segundo o Estado Islâmico, as explosões foram feitas por Omar al-Mowahid e Sayefulla al-Mujahid, que teriam detonado os explosivos em seus corpos próximos ao túmulo de Qassim. O governo iraniano não comentou diretamente a declaração do ISIS reivindicando o ataque. O Aiatolá Ali Khamenei, em seu comunicado na noite da última quarta-feira, apenas lamentou o ocorrido e disse que “sem dúvidas haverá uma dura retaliação”.
Outras fontes alegam uma possível participação dos EUA ou Israel, assim como uma possível maquinação do próprio Estado Islâmico para culpar Israel e forçar uma guerra ampliada entre Hamas, Irã e Israel. Entretanto, autoridades americanas consideram isso improvável, sugerindo que o ISIS aproveitou a procissão para atingir seu adversário.
Raízes históricas e teológicas do conflito entre Irã e ISIS
O Irã, de maioria xiita e governado por uma teocracia desde a Revolução de 1979, difere do Estado Islâmico, sunita, em sua interpretação do Islã. Assim, ambos são de correntes diferentes do islamismo; o Estado Islâmico, por sua vez, afirma que sua missão é eliminar os chamados apóstatas, incluindo a vertente xiita de interpretação do Islã.
A diferença nas vertentes se dá pela interpretação de quem deveria ser o sucessor do Profeta. Para o xiitas, deve ser um familiar de Maomé, enquanto para os sunitas poderia ser qualquer seguidor, havendo várias interpretações do Corão a partir dessa distinção.
Essa rivalidade entre Irã e ISIS se intensificou com as ações do general Qassim Suleimani entre 2013 e 2017, quando liderou grupos militares que combatiam o ISIS no Iraque e na Síria. Depois disso, o ISIS foi o responsável por inúmeros ataques contra o Irã, sendo o último deles em 2022, no qual um atirador matou 13 pessoas em um templo na cidade de Shiraz.
Foto Destaque: O chefe de governo iraniano Aiatolá Ali Khamenei (Reprodução/khamenei.ir)