Nesta quarta-feira (16), Erika Hilton, deputada federal pelo PSOL, informou que denunciará o governo americano à ONU (Organização das Nações Unidas) após seu visto ter sido alterado para o gênero masculino.
A deputada foi convidada a palestrar no evento Brazil Conference at Harvard & MIT 2025. Autorizada pela presidência da Câmara dos Deputados, Erika iria realizar a palestra no último sábado (12), em Harvard, nos Estados Unidos. Após o ocorrido, decidiu cancelar sua participação no evento.
No seu visto anterior, emitido em 2023, antes do governo de Donald Trump, seu gênero estava como mulher, conforme a forma com que ela se identifica, informado pela assessoria de imprensa. Tendo duração de dois anos, o visto expirou antes do evento.
Emissão do visto para o evento
A câmara é quem solicita o visto de seus representantes diretamente à embaixada do país a ser visitado, neste caso, Estados Unidos. Segundo a equipe da deputada, apesar do processo ser simples, ele se tornou complicado desde o início, em razão das novas normas impostas por Donald Trump.
Inicialmente, a equipe recebeu a orientação por telefone para solicitar um visto de turista para a deputada. Após explicações, o documento foi emitido conforme o status oficial da viagem.
No dia 3 de abril, o documento apresentou a informação de que a deputada é do sexo masculino. Erika informou que não incluiu essa informação em nenhum momento no documento. Essa alteração ocorreu devido a medidas tomadas pelo governo de Donald Trump.
A parlamentar informou que o consulado norte-americano em Brasília ignorou a certidão de nascimento atualizada e o passaporte brasileiro que comprovam seu gênero como feminino. Segundo a equipe, não é possível que o documento seja questionado juridicamente, tendo em vista que é uma decisão soberana do governo dos Estados Unidos.
Erika Hilton (Foto: reprodução/Instagram/@hilton_erika)
Posicionamento de Erika Hilton
Segundo a deputada, o ocorrido apresenta um problema diplomático, e é inaceitável que o ódio do presidente Donald Trump contra as pessoas trans tenha impactado na missão oficial de uma parlamentar representando a Câmara dos Deputados, evidenciando uma transfobia.
Erika afirmou que se trata de um caso de violência, desrespeito e abuso de poder, porque houve a violação de um documento oficial brasileiro, e que ocorreu uma transfobia de Estado promovida pelo governo de Donald Trump.
A parlamentar informou que irá acionar o Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores, e vai solicitar uma medida jurídica internacional contra Donald Trump e a política implementada pelo governo americano.
Medidas de Donald Trump
Desde janeiro deste ano, Donald Trump foi contra programas de diversidade, equidade e inclusão, além de não permitir a participação de pessoas transgêneras nas forças armadas.
O presidente dos Estados Unidos assinou uma medida executiva proibindo procedimentos médicos visando alterar o gênero em menores de idade, além de suspender solicitações de passaportes que contém o marcador de gênero “X”, só sendo possível a emissão para aqueles que se identificam como homens ou mulheres.
Foto Destaque: Erika Hilton, deputada federal (Reprodução/X/@ErikakHilton)