Nesta terça feira (23) o Jornal Nacional da TV Globo, entrevistou o ex governador do Ceará e candidato a presidência da república, Ciro Gomes (PDT). O ex prefeito de Sobral foi o segundo sabatinado pelos jornalistas Willian Bonner e Renata Vasconcellos. Confira os principais assuntos debatidos na sabatina:
Plebiscito
Ciro disse que pretende mudar o modelo político no país. De acordo com o candidato, desde a redemocratização, os presidentes da República se aliaram aos partidos que compõem o chamado Centrão (bloco fisiológico) e isso, na opinião do ex governador, resultou em corrupção e ineficiência.
Minha proposta é transformar minha eleição não num voto pessoal, mas num plebiscito programático. Para que a gente discuta ideias", propôs o pedetista.
Para ele, os plebiscitos vão contornar a necessidade do governante se submeter totalmente a líderes do Congresso para presidir a nação.
Ao defender o modelo, os jornalistas citaram de que países autoritários e populistas, em especial na América Latina, têm usado plebiscitos para governar.
Ciro disse que vai procurar se inspirar nos modelos que dão certo ao redor do mundo.
Endividamento dos Brasileiros
Ciro intitulou a “Lei Antiganância” proposta que prevê que, se uma pessoa pagar, por causa dos juros, duas vezes o valor original da dívida, o débito será considerado liquidado.
"Das cinco propostas que eu me propus a trazer hoje, eu ainda não lhes falei de uma que é inédita que é a Lei Antiganância. Eu quero colocar uma lei em vigor no Brasil, que eu conheço na Inglaterra. É assim: todo mundo do crédito pessoal, do cartão de crédito, do cheque especial etc., ao pagar duas vezes a dívida que tem, fica quitado por lei essa coisa. Essa é polêmica, mas estou apresentando aqui em primeira mão"
Segundo ele, isso vai reduzir o endividamento e aumentar o poder de compra e de investimento dos brasileiros
Programa Social
O candidato defendeu uma de suas principais propostas desta campanha: a adoção de um programa de renda mínima no valor de R$ 1 mil para famílias carentes.
"O que estou propondo é uma perna de um novo modelo previdenciário. Então, eu vou pegar o BPC [Benefício de Prestação Continuada], a aposentadoria-rural de muitos brasileiros que ainda remanescem, que não contribuíram no passado, o seguro-desemprego, e pegar todos os programas de transferência, especialmente o novo Bolsa Família, que é o Auxílio Brasil, transformar em um direito previdenciário constitucional", afirmou.
Ele informou que uma das fontes de financiamento do programa vai ser a taxação das grandes fortunas de pessoas que apresentam um patrimônio superior a R$ 20 milhões.
Ciro Gomes durante a sabatina no Jornal Nacional desta terça feira (24). (Foto Reprodução: TV Globo)
Fome e Mercado de Trabalho
Ciro comentou dois problemas que vem assolando a vida dos brasileiros: a escalada da fome e o aumento da informalidade no mercado de trabalho. Ao tratar dos temas, o candidato fez duras críticas ao governo de Jair Bolsonaro.
“Eu acho que o Brasil vive hoje a mais grave crise, se nós tomarmos em atenção os números do desemprego, da fome. Fome, fome, fome, 33 milhões de pessoas estão com fome, 120 [milhões] não fizeram as três refeições hoje. E há pessoas e grupos políticos responsáveis por essa tragédia. E eu acho francamente que a maior ameaça à democracia é o fracasso dela na vida do povo”.
Meio Ambiente
O ex governador do Ceará destacou que a preservação do meio ambiente e a implementação de uma economia sustentável requer que a população das áreas de florestas sejam treinadas para mudar a forma de produzir.
"Nós temos que fazer um grande esforço de retreinamento, de diversificação da atividade produtiva. Nosso povo só sabe desmatar, pega madeira de lei sensível, corta e ganha US$ 2 mil por metro cúbico, dois metros cúbitos de mogno. Ele não entende como é que ele vai passar fome, com o filho dele com fome, tendo que ir embora com aquela árvore ali podendo dar US$ 2 mil com o contrabando".
Saneamento Básico
Ciro disse considerar um “avanço” o novo marco legal do saneamento básico, sancionado em 2020, mas disse ter preocupações em relação à regulação. A nova lei permitiu a privatização do serviço
“Se eu privatizo, a lógica da privatização é o lucro. Ou eu tenho uma regulação forte. Essa é a razão pela qual nós desconfiamos do marco que foi votado. Eu considero um avanço, mas a nossa preocupação é que não está nesse marco, o cuidado com isso”.
Ciro, no entanto, disse considerar que o Estado pode “perfeitamente delegar” a execução de serviços de saneamento ao setor privado.
Foto Destaque: Ciro Gomes, candidato pelo PDT ao cargo de presidência da república. Foto Reprodução: TV Globo