Na última terça-feira (22), a diretora da escola infantil particular da Zona Leste de São Paulo, passou a ser considerada foragida da justiça, após a declaração da sua prisão temporária.
A investigada Roberta Regina Rossi Serme, 40, é uma das sócias proprietárias da Escola Infantil Colmeia Mágica, na Vila Formosa, ela é suspeita de maus-tratos, periclitação de vida (colocar a saúde das crianças em risco), submissão delas ao vexame ou constrangimento e tortura. No início do mês, vídeos circularam pelas redes socias, neles aparecem bebês amarrados com lençóis e chorando no banheiro da escola. As crianças apareceram com os braços imobilizados, presas as cadeirinhas embaixo de uma pia e próximas a uma privada.
Até a última atualização da reportagem feita pelo G1, a diretora não havia sido presa ou se entregado à polícia. Durante uma reunião de pais, realizada no dia 11 de março, a mãe de um dos alunos, gravou um áudio em que é possível ouvir a diretora se defendendo. “Denúncia completamente descabida e com coisas sem contexto”. O áudio foi divulgado pelo fantástico neste domingo (20).
Defesa diz que cenas foram forjadas
André Dias, advogado de Roberta, chegou a negar à imprensa que sua cliente tenha amarrado ou mandado amarrar as crianças. Ele alegou ainda que alguma funcionária teria forjado a cena para prejudicar a direção.
"Considerando que a Justiça determinou o sigilo das investigações, algumas informações ainda não podem ser divulgadas. Por exemplo, a pessoa que efetivamente gravou esses vídeos, montou aquela cena para fazer a gravação dos vídeos, e também ainda não podemos divulgar o apoio externo que essa pessoa recebeu para fazer a confecção desses vídeos", comentou André.
"A escola reconhece os alunos, o ambiente, aparentemente é na escola", relata ele. "Porém as circunstâncias com que os vídeos foram gravados não condizem com a realidade da escola. Foi feito sem nenhum conhecimento por parte das diretoras, das demais professoras."
Vídeo mostra bebês amarrados em banheiro da creche (Reprodução/Youtube)
Prisão temporária
Após a justiça decretar prisão temporária de 30 dias, policiais foram até a casa da diretora e em outros dois endereços ligados a ela para tentar prendê-la, mas ela não estava em nenhum dos locais. O ministério Público foi procurado na quarta-feira (23), para comentar sobre o assunto, e por nota eles informaram que “As investigações prosseguem”, mas, que não poderiam dar mais informações, “O caso corre em segredo de justiça”.
A Central Especializada de Repressão a Crimes e Ocorrências Diversas (Cerco) da 8.ª Delegacia Seccional investiga se outros funcionários da escola podem ter participado dos maus-tratos aos alunos. Professoras que prestaram depoimento, disseram serem orientadas por Roberta a amarrar os bebês no banheiro para eles não serem ouvidos chorando por quem passava na rua. Em outros relatos, testemunhas contaram que a própria diretora amarrava os bebês.
Outros casos
Roberta também será investigada por outros dois casos, que já haviam sido arquivados. Um deles é de 2010, quando uma bebê de 3 meses morreu após sofrer parada cardiorrespiratória no berçário da creche. E em 2014, a mãe de um aluno de 2 anos acusou Roberta de arranhar o rosto de seu filho, a mãe gravou um vídeo do menino dizendo que a diretora o havia agredido.
Foto destaque: Escola Infantil Colmeia Mágica. Reprodução/G1.
