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Detido no Planalto diz que integrante do exército tentou ajudar invasores a deixar o prédio antes da prisão

A TV Globo teve acesso a 25 depoimentos e os presos não disseram nada sobre financiadores. Segundo coordenador de segurança do Planalto disse que havia 40 policiais no prédio quando aconteceu a invasão

11 Jan 2023 - 09h34 | Atualizado em 11 Jan 2023 - 09h34
Detido no Planalto diz que integrante do exército tentou ajudar invasores a deixar o prédio antes da prisão Lorena Bueri

Um dos golpistas que foram presos durante a invasão do Palácio do Planalto no último domingo, 8, disse que um dos integrantes do Exército tentou ajudá-lo e também os outros invasores a deixar o prédio antes que fossem presos, segundo informações do “g1”

Esse depoimento foi prestado à Polícia Civil do Distrito Federal e a TV Globo teve acesso a 25 depoimentos, sendo todos de pessoas presas em flagrante por tentativa de golpe de estado. 

Segundo o relato do homem, ele veio de Santa Catarina com 48 pessoas para "manifestar contra a corrupção no país e contra a falta de transparência das urnas"


Post sobre a informação do detido. (Reprodução/Twitter @YahooBr)


Ele diz não ter pago pela “excursão”. De acordo com o homem, tal viagem teria sido financiada com doações da população.

Quanto à invasão ao Planalto, ele afirmou que “um comandante do Exército falava para que os manifestantes fizessem uso de uma saída de emergência, convidando-os a sair, mas na sequência a tropa de choque da PMDF chegou e deu voz de prisão ao declarante e também a outros indivíduos”

O homem disse também que “tentou evitar que infiltrados danificassem o local ou que machucassem pessoas, tendo inclusive se colocado entre a tropa de choque e os manifestantes”

Além disso, também disse que, depois da chegada da tropa de choque, ele e os outros manifestantes se ajoelharam e começaram a cantar o hino nacional e também pedir que o Exército os protegesse. 

O Exército, em nota, informou que “ainda não foi formalmente notificado e não há, até o momento, qualquer fato que indique a sua veracidade”

Uma “manifestação pacífica”

Um outro homem, vindo de Rondônia, disse que toda a manifestação foi “pacífica”. Porém, mesmo com essa declaração, o ataque que ocorreu às sedes dos Três Poderes e à democracia é sem precedentes na história do país, conforme detalhado pelo “g1”. 

Os indivíduos quebraram vidraças e móveis, vandalizaram obras de arte e objetos históricos, invadiram gabinetes de autoridades, rasgaram documento e também roubaram armas.

Em seu relato, o depoente completou afirmando que, em determinado momento, “os manifestantes foram convidados a se retirar do local por um policial militar, mas um comandante deu outra ordem e determinou que o grupo que ali se encontrava fosse preso"

Nada de financiadores

Como informado anteriormente, a TV Globo teve acesso a 25 depoimentos e somente um era de uma moradora de Brasília. As outras pessoas presas, em sua maioria, chegaram à cidade na véspera ou no próprio dia das invasões aos prédios públicos da Praça dos Três Poderes. 

Quase todos os indivíduos negaram ter pagado algum valor pela viagem, porém não informaram quem foi o responsável por financiar a viagem. O depoente de Rondônia disse acreditar “que foi o agro quem financiou o ônibus”.

De acordo com o veículo de comunicação citado, praticamente todos os que chegaram antes dos atos ficaram no acampamento em frente ao quartel-general do Exército, local de onde partiram os invasores, e relataram terem se alimentado sem qualquer tipo de custo. 

A aglomeração que ocorreu no local foi dissolvida na manhã desta segunda-feira, 9, por ordem de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). 

Nenhum dos indivíduos presos admitiram terem participado de tais atos de vandalismo, assim negando terem causado danos a qualquer tipo de patrimônio ou agredido policiais.  

Muitas dessas pessoas disseram para a polícia que entraram no prédio com o intuito de se protegerem de bombas de efeito moral jogadas na rua e que encontraram o lugar já depredado. Outros, que estavam nas redondezas, estavam tirando fotos e filmando os protestos. 

Com relação aos motivos por trás da participação no evento, a maioria trouxe temas já abordados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, como a confiabilidade das urnas e também “a implantação do comunismo”. 

Pelo menos três relataram terem participado da manifestação pedindo que o Exército interviesse e assumisse o poder no Brasil. 

Um dos presos, vindo de Minas Gerais, disse ser um integrante da “Scuderie Detetive Le Cocq” de seu estado e não deu mais detalhes. Para quem não sabe, a Scuderie Detetive Le Cocq tratava-se de um grupo de extermínio, formado principalmente por policiais, que atuou no Rio de Janeiro na década de 1960. 


Post sobre a informação do detido. (Reprodução/Twitter @ExpressoPB)


Roubo de equipamentos e poucos policiais

Segundo o “g1”, um outro depoimento foi de José Eduardo Natale, coordenador de segurança de instalações dos palácios presidenciais, que estava trabalhando no Palácio do Planalto no último domingo. 

O mesmo disse à polícia que, no momento da invasão, “havia por volta de apenas 40 homens na tropa de choque para fazer a contenção de milhares de manifestações (sic)”.

Natale disse aos investigadores que, ao visualizar a movimentação em direção ao Planalto, “acionou o pelotão de choque do Exército-BGP que se encontrava de prontidão”.

O pelotão “foi posto em posição e as guarnições da PM que estavam no local recuaram em direção ao Palácio do Planalto”.

De acordo com Natale, depois do rompimento da cerca de contenção no lado oeste do prédio foi acionado o “Plano Escudo” – “um planejamento que envolve as forças da PMDF, Exército e GSI para impedir invasões nos órgãos governamentais”

Mesmo assim, os invasores conseguiram romper as barreiras fixas e chegar ao espelho d’água do palácio. 

José Eduardo Natale afirmou que os invasores foram contidos temporariamente no espelho d’água, enquanto estava acontecendo a negociação, porém que eles “conseguiram romper os bloqueios e tiveram acesso a marquise do Palácio do Planalto”.

O mesmo acrescentou que os golpistas “utilizavam de violência e ameaça para conseguir acesso ao Palácio do Planalto, pois atiraram pedras do próprio chão do palácio nas tropas de segurança”.

Além disso, o coordenador disse já dentro do prédio foram roubados equipamentos da sala do encarregado de segurança das instalações, como cassetes, sprays de pimenta e 11 tasers, também, armas não-letais. 

Foto Destaque: Ato terrorista no DF. Reprodução/AP Photo/Eraldo Peres.

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