O desaparecimento do trilheiro Kamal Robler Guster no dia 3 de maio de 2015 retornou ao foco depois de completar 10 dias que um homem e uma mulher estão desaparecidos no extremo da Zona Sul de São Paulo. O sumiço completa sete anos e continua sendo um mistério.
Kamal aos 34 anos desapareceu na travessia entre a cidade de São Paulo e o litoral do estado pela Serra do Mar. O homem era de Santo André, no ABC Paulista, e fazia a trilha com um grupo de 15 pessoas, quando sumiu na mata. O caso foi investigado pela Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Itanhaém, e relatado ao Poder Judiciário em 2017 e arquivado sem solução no mesmo ano pelo Tribunal de Justiça.
Foto de Kamal nas redes sociais (Foto: Reprodução/Facebook)
O explorador Divanei Goes de Paula, que fazia parte do grupo na manhã do episódio, contou o que ocorreu no último dia em que Kamal foi visto. Ele disse que um grupo de 15 pessoas começou a trilha de São Paulo a Itanhaém pela Serra do Mar, quando uma pedra se solta e atinge um dos integrantes do grupo. Kamal e mais um integrante, que estavam limpando o caminho na frente do grupo, não escutaram o que ocorreu e seguiram a trilha.
“Abriu um pouco a cabeça [do homem atingido pela pedra]. A gente ‘estacionou’ e os dois meninos que estavam à frente abrindo o caminho acabaram seguindo. Quando eles ouviram os apitos se confundiram e acharam que a gente estava apitando mais abaixo do vale. Imaginaram que nós tínhamos atravessado. Em vez de eles voltarem, eles acabaram seguindo”, detalha Divanei.
Parte do grupo leva o ferido para o hospital e o restante acampa e espera a dupla no começo da trilha. Kamal e o parceiro dormem sozinhos na trilha e ao acordar decidem seguir a trilha pelo leito do rio, porém, o parceiro tem uma calça especial para travessia na água e Kamal, sem a calça, decide ir pela mata e encontrar o colega 80 metros adiante. Depois disso, o trilheiro nunca mais foi visto.
“Kamal ia cortar pelo mato e encontrar o outro depois de uns 80 metros. Coisa boba. Ele subiu, escalou um pedaço, passou pela mata, cruzou o morro para encontrar o menino que estava pelo rio. O menino esperou e ele não apareceu mais”, relata Divanei. “Comprovamos com o GPS que ele [o parceiro de Kamal] voltou. Estava tudo marcado. Procurou o Kamal e nada, mas estava na parte plana [do trajeto] e seguiu para encontrar com o Kamal na tribo. O Kamal já tinha feito essa trilha uma vez e conhecia o cominho”, complementa.
O homem que viu Kamal pela última vez encontrou com o restante do grupo no fim da trilha em uma aldeia indígena. Eles acamparam à espera de Kamal e depois fizeram 6 meses de busca, mas sem sucesso.
Mapa do caminho em que o grupo que Kamal fazia parte fez e o trajeto diferente do desaparecido. (Foto:Reprodução/Arte/g1)
Para Divanei, o que ocorreu com Kamal pode ter sido semelhante ao que aconteceu com um trilheiro na Serra do Gigante, o pico mais alto do vale do Ribeira, em junho. O homem foi resgatado pelo Grupamento Aéreo da Polícia Militar de São Paulo após sofrer uma fratura exposta no braço por uma queda de 7 metros.
Marli dos Anjos Valadão e José Jackson Alencar estão desaparecidos desde o dia 4 de dezembro (Foto:Reprodução/Arquivo Pessoal)
O caso de Marli dos Anjos Valadão, e 32 anos, e José Jackson Alencar, de 25 anos, trouxe o foco do mistério do sumiço de Kamal à tona. O casal está desaparecido desde o dia 4 de dezembro quando foram atingidos por uma cabeça d’água durante uma trilha na Zona Sul de São Paulo na Cachoeira da Usina.
Marli e José estavam com um grupo de oito pessoas na trilha que leva até o Poço das Virgens. Um jovem de 21 anos contou que os amigos estavam andando sobre as pedras e se seguravam nas cordas, quando uma cabeça d’água os atingiu no meio da travessia enquanto chovia. O rapaz e o casal foram arrastados. O sobrevivente conseguiu sair pela margem do rio, mas Jackson e Marli entraram na correnteza e perderam os dois de vista.
O Corpo de Bombeiros analisa a retomada das buscas.
Foto Destaque: Foto de Kamal Robles Guster, de 34 anos. Reprodução/Arquivo Pessoal