Nesta segunda-feira (19), a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro pediu pelo adiamento do seu depoimento à Polícia Federal na investigação sobre a tentativa de golpe de Estado.
Bolsonaro, juntamente com 9 de seus aliados, foi intimado pela PM a depor nesta quinta-feira (22). No entanto, a defesa do ex-presidente afirmou, ao Supremo Tribunal Federal (STF), que ele não falará “até que seja garantido o acesso à integralidade das mídias dos aparelhos celulares apreendidos, sem abrir mão, por óbvio, de ser ouvido em momento posterior e oportuno."
Segundo os advogados do ex-chefe do Executivo, a decisão que levou Alexandre Moraes a autorizar a operação contra Bolsonaro e seus aliados há “excertos de supostas conversas presentes nos celulares apreendidos ao longo de todo este procedimento investigatório”, que ainda não lhes foram apresentados.
Na petição apresentada, a defesa também pede acesso a delação premiada do ex-ajudante de ordens da Presidência, Mauro Cid, além de afirmar que o ex-presidente tem "total interesse em cooperar plenamente com a investigação e provar sua inocência".
“O acesso completo a esses elementos é crucial para que seja garantido o exercício do seu direito de defesa ― e mesmo de resposta a público ―, de maneira adequada e efetiva”, declararam os advogados.
Operação Tempus Veritatis
Jair Bolsonaro e seus aliados - incluindo militares e políticos - são os principais alvos da operação Tempus Veritatis, que foi deflagada na última quinta-feira (08) e tem como objetivo investigar as tramas golpistas.
A ação da PF já cumpriu 33 mandados de busca e apreensão, 4 de prisão preventiva e 48 de medidas alternativa, a fim de apurar a suposta tentativa do ex-presidente de invalidar o resultado das eleições de 2022, que tornaram Luiz Inacio da Silva presidente.
Uma parte importante da operação envolve a gravação de uma reunião ministerial de 15 de julho de 2022. Nas imagens, apreendidas no computador de Mauro Cid, Bolsonaro e seus ministros discutem ações para evitar a derrota das eleições. No entanto, o ex-presidente afirma que não poderiam esperar os resultados para agir.
Após o início da Tempus Veritatis, a defesa de Bolsonaro alegou que o ex-chefe do Executivo “jamais compactuou com qualquer movimento que visasse a desconstrução do Estado Democrático de Direito ou as instituições que o pavimentam".
Vídeo mostra falas de Jair Bolsonaro em reunião da suposta tentiva de golpe. (VÍdeo: Reprodução/Youtube/BBCNews).
Ato de Bolsonaro
Em retaliação a operação, através das redes sociais, Jair Bolsonaro convocou seus apoiadores para um ato na Avenida Paulista, em São Paulo, no dia 25 de fevereiro. O ex-presidente afirma que será uma manifestação em "defesa do nosso Estado democrático de direito".
“Neste evento quero me defender de todas as acusações que têm sido imputadas a minha pessoa nos últimos meses. Mais do que discurso, uma fotografia de todos vocês, porque vocês são as pessoas mais importantes deste evento”, declarou Bolsonaro.
De acordo com o Poder360, ao menos 84 deputados federais confirmaram presença na manifestação. Além destes, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, e o prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes, também comparecerão.
Foto destaque: Jair Bolsonaro. (Reprodução/Rafaela Felicciano/Metrópoles).