O levantamento de Cenas de uso em Capitais (Lecuca) realizado em 2021/2022 revelou que o número de novos usuários da Cracolândia, localizada em São Paulo, no ano de 2021 foi o menor índice desde o início da contagem, em 2016. Porém, ocorreu um aumento na permanência de frequentadores antigos da região, cerca de 54,4% habitam a região da Cracolândia há cerca de 5 anos e 39,2% frequentam a área há cerca de 10 anos ou mais.
O número de pessoas em situação de rua também teve um aumento, cerca de 66,3%. No total de pessoas que participaram da pesquisa, 40% revelam que contam com a ajuda de profissionais que atuam na região, enquanto 41% diz não receber nenhuma rede de apoio.
Cracolândia, aérea em frequentadores se aglomeram para usar drogas (Foto/Reprodução/Causa Operária)
Em 2016 os dados apontavam que o número de novas frequentadores da Cracolândia era de 43%, em maio de 2017 caiu para 38% e em junho do mesmo ano outra baixa ocorreu, indo para 28%, em 2019 atingiu 26% e em 2021 caiu significativamente para 20%.
"A diminuição de influxo deveria ser em função de ações preventivas, mas infelizmente não temos informações que essas coisas foram feitas. Então, é mais provável que a diminuição tenha mais a ver com o aumento das operações, ou seja, com a dispersão de frequentadores, para que não se concentrem nessas regiões, do que segurar novos dependentes químicos para não migrarem para a cena. Temos um dado, mas não temos comprovação de que foi causado por ações de prevenção”, afirma a coordenadora do Lecuca, Clarice Sandi Madruga.
A pesquisa foi realizada pela Unifesp em conjunto com a Secretaria Nacional de Cuidados e Prevenção às Drogas (Senapred), órgãos pertencentes ao Ministério da Cidadania que atua na implementação de políticas públicas voltadas para a diminuição do uso de drogas no país. O levantamento aponta mais três capitais com grande aglomeração de usuários de drogas ao ar livre, sendo elas: São Paulo, Brasília e Fortaleza.
Os dados de São Paulo foram realizados em junho de 2021 e atualizado em abril de 2022, hoje Fortaleza foram realizados em agosto de 2021 e os de Brasília foram coletados em abril e maio de 2022.
Através do levantamento foi possível observar em São Paulo uma diminuição no número de frequentadores sem atividade remunerada, cerca de 68,7%, metade dos frequentadores da área realizam coleta de materiais reciclados, sendo 52,3%. Os dados ainda revelam uma queda no número de mulheres 22,5% e trans 3,7% na região da Cracolândia.
A Prefeitura de São Paulo informou que a procura por tratamento teve um aumento após a dispersão dos usuários. Segundo informações da Prefeitura, em fevereiro será inaugurado o serviço de cuidado prolongado em álcool e drogas, cujo objetivo é cuidar de pacientes internados que ainda não podem retornar aos familiares ou hospitais. Visando manter o paciente longe do ambiente de drogas e possíveis recaídas.
Foto destaque: Usuários de drogas na Cracolândia (créditos: Willian Moreira)