O Vale do Javari, terra indígena onde foram vistos pela última vez o jornalista britânico do The Guardian, Dom Phillips, e o indigenista e ativista brasileiro, Bruno Araújo Pereira, é conhecida por ser uma região com fortes atividades criminosas realizadas por facções, com histórico de violências e conflitos.
De acordo com o relatório Cartografias das Violências da Região Amazônica, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, publicado em fevereiro deste ano o Vale é controlado por uma facção local que se denomina como “os Crias”.
Entre os maiores conflitos estão o desmatamento, tráfico de drogas e o garimpo ilegal, sendo esse último uma suspeita da Polícia Federal (PF) para o desaparecimento de Dom e Bruno. Além dos problemas envolvendo a facção, conflitos internos entre os povos indígenas, na maioria das vezes, envolvendo espaço de terra, são comuns.
Dom Phillips e Bruno Pereira, que ainda estão desaparecidos (Foto: Reprodução/Daniel Marenco)
Fronteira com Peru e Colômbia, o Vale fica no extremo oeste do estado do Amazonas e é conhecido por possuir a maior população de povos isolados em todo o mundo. Na região vivem os Matis, Marubo, Kulina Pano, Kanamari, Mayuruna, Korubo e Tsohom Dyapá.
O local é considerado como a segunda maior terra indígena do Brasil, com uma área demarcada de cerca de 8,5 milhões de hectares, perdendo somente para o território Yanomami.
Relembre o caso
Dom e Bruno partiram de barco na última semana em uma região chamada de Lago do Jaburu, com chegada na noite da última sexta-feira (3). Já no domingo (5), foram vistos as 6h quando foram visitar o Vale do Javari. Porém, a viagem deveria ter levado até 3 horas, o que não ocorreu, já que eles não foram vistos desde então.
A Polícia Federal (PF) acredita que eles estariam sofrendo ameaças dos garimpeiros que atuam no Vale do Javari de forma ilegal. A PF disse ainda que já investiga o caso, mas, ambos continuam desaparecidos.
Foto Destaque: Vale do Javari. Reprodução/Amazônia Real/Flickr