Chegou ao fim nesta segunda-feira (01) o trabalho do Comitê Independente criado para investigar a fraude no Grupo Americanas. Inicialmente, o comitê se reuniria por um período de seis meses, porém os trabalhos estenderam-se por um ano e meio. A finalização da investigação independente ocorreu dias após a deflagração da Operação Disclosure pela Polícia Federal e Ministério Público, que resultou na prisão, na Espanha, do ex-CEO Miguel Gutierrez. O relatório do comitê deverá seguir para o Conselho de Administração da empresa, que decidirá sobre as medidas a serem tomadas.
Extensão das Investigações
Chefiado pelo advogado Otávio Yazbek, com a participação do escritório Maeda, Ayres & Sarubbi e da consultoria EY, o Comitê conduziu uma extensa investigação. Foram realizadas 250 entrevistas e analisados mais de um milhão de documentos, totalizando 74 TB de dados. A previsão inicial de seis meses para as investigações estendeu-se para um ano e meio até sua conclusão. O trabalho do comitê não fez uso de delações premiadas ou outros acordos corporativos realizados por ex-colaboradores da empresa, nem se baseou em informações trazidas pela Operação da Polícia Federal e Ministério Público Federal, ou investigações conduzidas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Como próximo passo, o comitê deverá apresentar nas próximas semanas um relatório ao Conselho de Administração da Americanas, para que a empresa possa tomar as medidas cabíveis em relação à fraude contábil de mais de 25 bilhões de Reais.
Lado de fora de uma loja Americanas (Reprodução/Gustavo Minas/Bloomberg/Getty Images Embed)
Desdobramentos legais e operacionais
As conclusões do comitê coincidiram com a deflagração da Operação Disclosure, conduzida pela PF e MPF. A operação policial teve início no dia 27 de junho; no dia 28, ocorreu a prisão temporária do ex-CEO Miguel Gutierrez na Espanha. Gutierrez foi solto no dia seguinte, e sua defesa nega qualquer participação nas fraudes investigadas. A operação também incluiu 15 mandados de busca e apreensão, além do sequestro de mais de meio bilhão de reais em bens e valores de ex-diretores da empresa. Paralelamente, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) analisa, por meio de processos administrativos, eventuais irregularidades cometidas pela empresa.
Em fevereiro deste ano, a Justiça homologou o plano de recuperação judicial do Grupo Americanas no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ). A empresa enfrenta acusações desde 2023, quando o ex-presidente do grupo Sergio Rial e o ex-diretor André Covre descobriram inconsistências contábeis que poderiam indicar um rombo milionário no balanço da empresa.
Foto destaque: loja da Americanas São Paulo, Brasil (Reprodução/Maira Erlich/Bloomberg/Getty Images Embed)