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Com acordo de confissão firmado, Julian Assange está livre

Jornalista que se tornou símbolo da liberdade de informação se declarará culpado por crime pelo qual é acusado em troca de sua liberdade

25 Jun 2024 - 21h00 | Atualizado em 25 Jun 2024 - 21h00
Com acordo de confissão firmado, Julian Assange está livre  Lorena Bueri

O criador do site WikiLeaks, Julian Assange, viajou aos Estados Unidos nesta terça-feira (25) para concluir um acordo de confissão, e, em contrapartida, retornar para casa, na Austrália.

Assange está em um conflito jurídico na Inglaterra há 14 anos, e viveu em uma prisão de segurança máxima da capital britânica nos últimos cinco deles. O australiano de 52 anos concordou em assumir o crime de violação da lei de espionagem norte-americana a fim de encerrar o caso que vem se arrastando desde 2010.

O ‘crime’ de Assange

Após criar o site WikiLeaks, Julian Assange recebeu de Chelsea Manning, que era, até então, uma fonte anônima, documentos que apontavam crimes de guerra cometidos pelos Estados Unidos em conflitos que a superpotência se envolveu ao longo dos anos. Assange como jornalista, exerceu seu trabalho e passou a divulgá-los em sua plataforma.

Assange se tornou uma celebridade no mundo da notícia e em um terror para Washington (e seus aliados), tendo em vista a importância dos documentos e relatórios que revelavam segredos militares obscuros denunciados através do WikiLeaks. Após terem tido relações sexuais sem preservativos com Assange, duas mulheres suecas procuraram a polícia para saberem como poderiam forçá-lo a realizar um teste de HIV. Ao reconhecerem o australiano, os policiais veem uma oportunidade de apanhar o alvo dos aliados estadunidenses.

Com base em depoimentos das duas mulheres (refutados pelas mesmas posteriormente), Julian Assange foi acusado de estupro. Assange aguardou alguns meses para prestar depoimento na Suécia, e quando decidiu retornar para a Austrália após não ser ouvido pela Justiça Sueca, foi deflagrada uma busca internacional, o colocando como um fugitivo da justiça.

Prisão

Enquanto cumpria uma agenda na Inglaterra, Assange viu que a perseguição política contra ele estava cada vez maior, visto que Inglaterra e Estados Unidos são aliados de primeira ordem. Assim, o australiano pediu asilo à Embaixada do Equador, e lá permaneceu por sete anos. O jornalista passou todo o tempo isolado em um quarto da embaixada, sendo espionado e sem contato com a família, perdendo inclusive o nascimento de seus dois filhos.

Quando Lenín Moreno assume a presidência do Equador, Julian é expulso da embaixada sob a justificativa de que o mesmo não era equatoriano, apesar de deter a cidadania do país. Ao sair da embaixada, o jornalista descobre que estava sendo acusado e investigado por crimes de espionagem e é preso, até que fosse decidido se seria extraditado ou não para os Estados Unidos.

Desde que foi preso, Julian Assange e sua assessoria jurídica travaram uma longa luta contra o pedido de extradição aos EUA. Os advogados do jornalista defendiam que o mesmo não poderia ser deportado, pois não é cidadão estadunidense e tampouco é culpado pelos crimes dos quais é acusado.

Desfecho

Os poucos que tiveram contato com Assange nos últimos anos, lamentam o estado psíquico em que ele se encontra, visto que o desgaste mental que sofreu nos anos em que esteve na embaixada e na prisão, afetaram sua sanidade. Sua esposa, antes do julgamento de sua extradição, alertou que o estado de saúde dele era frágil. “A saúde dele está piorando, física e mentalmente. A vida dele corre perigo a cada dia que permanece na prisão e, se for extraditado, ele vai morrer”, declarou Stella Assange em maio. O pai de Julian, John Shipton, deu uma forte declaração no lançamento de um livro que retrata um pouco de sua luta em prol da liberdade do filho. "Independente do que aconteça, meu filho já perdeu" disse John. 


Perfil do WikiLeaks comemora a saída de Assange da prisão (reprodução/X/@wikileaks)


Sua saída da prisão foi motivo de muita comemoração para os defensores da liberdade e dos Direitos Humanos. Após aceitar a proposta dos promotores federais estadunidenses, Julian deixou a Inglaterra e deve comparecer a um tribunal nas Ilhas Marianas, onde se assumirá culpado e terá de volta a sua liberdade e o reconhecimento como um símbolo da liberdade de informação.


Foto Destaque: Apoiadores de Julian Assange participam de protesto em Vienna, na Áustria. Foto: (reprodução/JOE KLAMAR/AFP) 

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