A pesca ilegal do peixe totoaba, consumido como um produto de luxo pelos países asiáticos, está colocando a espécie em risco de extinção. No mercado negro, o preço da colheita da totoaba chega a ser superior ao valor da cocaína.
Alejandro Oliveira atua como representante da ONG norte-americana Center for Biological Diversity, localizada na Califórnia, que luta para proteger a espécie. De acordo com Oliveira, a totoaba costuma ser exibida como troféu de pesca nos EUA por causa da largura e do comprimento de quase dois metros que podem atingir.
A pesca ilegal do animal, porém, não acontece apenas pela proteína do peixe. Agora, o ativista ainda aponta que a bexiga natatória, um dos órgãos da totoaba, também vem atraindo o interesse dos traficantes.
“Esse órgão é agora intensamente procurado por traficantes, porque é comercializado depois de seco e é consumido como produto de luxo pelos países asiáticos", explica. "Por isso é tão desejado”.
Desde de 1975, quando a pesca da totoaba foi proibida por causa da ameaça de extinção, a atividade virou um negócio lucrativo para a rede mafiosa Cartel do Mar. O fato foi constatado pelo jornalista belga Hugo Von Offel, autor de um documentário que investigou o comércio da espécie, que é chamada de “a cocaína do mar” pelos cartéis mexicanos.
A espécie totoaba também é conhecida como "a cocaína do mar". (Foto: Reprodução/Pixabay.com/Quangpraha)
"Os traficantes do cartel de Sinaloa pescam a totoaba e a vendem por US$ 3 mil ou US$ 4 mil o quilo. A bexiga pesa mais ou menos um quilo”, conta Von Offel. “Eles o vendem a US$ 3 mil ou US$ 4 mil a um representante do cartel, que depois o colocam num freezer para cruzar o deserto e a fronteira para lugares como Tijuana, por exemplo, e vendem para a China a partir dos Estados Unidos, por avião".
Conforme relata o jornalista, a bexiga da totoaba pode valer até US$ 50 mil por quilo na China.
Punição aos traficantes
Entre 2012 e 2021, o sistema judiciário mexicano julgou 42 casos de tráfico de totoaba e somente dois terminaram em condenações. Os dados foram obtidos por um consórcio midiático.
Apesar do combate ao tráfico da espécie, especialistas da União Internacional para a Conservação da Natureza ainda verificaram a presença de 117 barcos de pesca na área de proteção marinha do Mar de Cortez durante um único dia de 2021.
Foto destaque: Pesca. Reprodução/Pixabay.com/Quangpraha