Cirurgião plástico, Bolívar Guerrero Silva, foi preso no dia 18 de julho após suspeita de estar mantendo uma paciente em cárcere privado, devido a tentativa de esconder os possíveis erros médicos cometidos em sua cirurgia. Para facilitar a atrair clientes, que tecnicamente não poderiam pagar por uma cirurgia plástica, o médico contava com uma equipe de divulgação além de métodos de parcelamento do valor, chegando a utilizar carnês.
A divulgação do trabalho cirúrgico era feito por uma equipe de divulgadoras que trabalhava através do Whatsapp e outras redes sociais, dessa forma, atraía clientela com o oferecimento de cirurgias plásticas de valor baixo comparado ao mercado, possuindo também uma forma mais fácil de pagar pelo serviço médico.
Haviam três formas de pagar: à vista, parcelado no cartão e com carnês. A última opção era para aqueles que não dispunham das duas primeiras, dessa forma, poderiam usar o carnê da clínica e parcelar o procedimento para conseguirem realiza-lo.
Divulgação so carnê utilizado. (Foto: Reprodução/G1/Redes sociais)
O parcelamento de cirurgia no carnê era chamado de “Carnê de Cirurgia Programada”, distribuído todas as terças e quartas, tendo uma consulta incluída. Aquele que possuía interesse deveria agendar a consulta para um dos dois dias e pagar um valor de mil reais de entrada, para então ter acesso ao parcelamento. O restante do valor poderia ser dividido em até 12 vezes ou com parcelas menores com um saldo que poderia ser pago no dia da cirurgia, no cartão ou à vista.
Dessa forma, um paciente que gastaria R$ 15 mil poderia pagar, por exemplo, com mil reais na entrada para pegar o carnê e negociar 12 parcelas de 14 mil nele, ficando 12 vezes de R$ 1.166,60. Teria outra forma também, que seria pagar mil como entrada, R$ 583,33 no carnê e quitar um saldo de 7 mil à vista no dia da cirurgia ou parcelar no cartão.
A ideia principal de possuir tantas formas para pagar é que o paciente, ou cliente por assim chamado, quitasse a dívida em um ano e marcasse seu procedimento também nesse prazo, além de poder realizar os procedimentos antes, tendo ao menos quitado o carnê.
Em caso de desistência, a equipe de divulgação informou que o dinheiro da consulta inicial era descontado do valor já pago e o restante seria devolvido. Entretanto, se ocorresse algum imprevisto e o cliente não conseguisse pagar e operar em um ano, o carnê poderia ser atualizado.
“X-Tudão”: nome dado a pacote de cirurgias
Os divulgadores do trabalho do Bolívar tentavam realizar vendas ao máximo, com facilidade. Uma das técnicas de venda de vários procedimentos foi apelidada de X-Tudão, que incluía quatro procedimentos, sendo eles:
Lipoaspiração, técnica que utiliza sucção para retirada de gordura em excesso de determinadas regiões do corpo, abdominoplastia, cirurgia para a retirada do excesso de pele na região abdominal; lipoenxertia, uma técnica de cirurgia que usa a gordura do próprio corpo para preencher, definir ou volumar partes específicas do corpo; e mastopexia, cirurgia para levantar os seios, podendo ser realizada com ou sem a aplicação de silicones.
Publicação do "X-Tudão" (Foto: Reprodução/G1)
A suspeita de manter paciente em cárcere privado
No dia 18 de julho, Guerrero foi preso quando atuava em uma cirurgia, no centro cirúrgico do Hospital Santa Branca, em Duque de Caxias. De acordo com a polícia, o médico mantinha uma de suas pacientes em cárcere privado após ocorrer complicações de uma cirurgia de abdominoplastia.
Daiana Calvacanti, a paciente, está em estado grave; estava tentando ser transferida de hospital mas o médico atrapalhou o processo, mesmo a mulher tendo duas liminares da justiça. Ela está internada desde junho desse mesmo ano, foi transferida do Hospital Santa Branca para o Hospital Geral de Bonsucesso, na manhã desta quinta-feira (21), na zona norte do Rio.
O cirurgião responde ao menos por 19 processos, por negligência médica e erros do mesmo cunho. Foi preso temporariamente e está sendo mantido dessa forma após audiência de custódia.
Devido a divulgação do caso de Daiana, 11 mulheres, pelo menos, já compareceram à Delegacia da Mulher de Duque de Caxias para também promover uma denúncia contra o médico.
Foto Destaque: Bolívar. Reprodução/Metrópole
