Na tarde desta segunda-feira (27), 196 trabalhadores foram resgatados em situação análoga a escravidão em vinícolas no Rio Grande do Sul, na última quarta-feira (22).
Os baianos desembarcaram na capital baiana e em três cidades do interior, Serrinha, Lauro de Freitas e Feira de Santana. Na região do Sisal, que fica a mais de 189 quilômetros de Salvador, foram acolhidos mais de 73 pessoas que fazem parte do grupo. Todos eles passaram por triagem para avaliação das necessidades de saúde, condições de moradia e viabilização da reinserção em programas sociais e no mercado de trabalho.
Cristina Ulm, que é defensora pública do Estado, informou que vai precisar entender a situação de vulnerabilidade. Seja em ações de saúde, seja nas questões de documentação, em que eles podem estar com dificuldade ou terem perdido nessa situação ter sido extraviada, ou na articulação junto com os órgãos do estado e dos municípios.
Os resgatados serão acolhidos pela Secretaria de Justiça e Direitos Humanos da Bahia (SJDH), em parceria com a Defensoria Pública, além de órgãos municipais, estaduais e federais.
"Nós vamos reunir a Comissão Estadual pela Erradicação do Trabalho Escravo e vamos discutir com o Ministério Público Federal, Polícia Federal e com o Ministério dos Direitos Humanos sobre o incentivo à conciliação nacional para que possamos desmontar essa rede de aliciadores. E, o mais importante, desenvolver medidas preventivas para que casos como esse não voltem a acontecer”, afirmou Felipe Freitas, que é o secretário de Justiça e Direitos Humanos da Bahia.
Vinícola fazia uso de mão de obra análoga à escravidão no Rio Grande do Sul (Foto:Reprodução/Divulgação/PRF)
De acordo com os relatos da Polícia Rodoviária Federal, três trabalhadores procuraram os agentes policiais na Unidade Operacional da instituição no município de Caxias do Sul e acabaram informando que tinham acabado de fugir de um alojamento em que eram mantidos contra a vontade própria.
Diante das denúncias, as equipes foram até o local indicado e os auditores do ministério constataram que havia em torno de 200 homens em situação análoga a escravidão. Os trabalhadores, foram recrutados pela empresa Oliveira & Santana, onde foram relatados à polícia as diversas situações que passavam, como atrasos nos pagamentos dos salários, a violência física, o assédio moral, as longas jornadas de trabalho e os alimentos estragados.
Conforme o Estadão, os trabalhadores das vinícolas estão sendo acolhidos pela prefeitura de Bento Gonçalves no ginásio municipal Darcy Pozza, onde eles vão receber abrigo, local para dormir, acesso a higiene, alimentação e assistência médica.
Foto Destaque: Baianos são resgatados de trabalho em situação análoga à escravidão (Foto:Reprodução/Fernando Vivas/GOVBA)
