Nas duas primeiras semanas de 2024, foram registrados 55.859 casos prováveis de dengue, dentre esses seis mortes confirmadas. Este número é mais do que o dobro registrado durante todo o ano passado. Esses são dados informados pelo Ministério da Saúde, na semana passada, como também o de que a incidência de casos neste ano seja de 27,5/100 mil habitantes.
Somente no estado do Rio de Janeiro, foram registrados mais de 4 mil casos de dengue, em 13 dias. O número representa alta de 669%, segundo dados do Ministério da Saúde. Sendo que, em 2023, no mesmo período para o estado, 566 casos haviam sido registrados.
A doença que é transmitida pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegyptim é considerada pelo ministério como a arbovirose urbana, sendo mais prevalente nas Américas, principalmente no Brasil.
A maior transmissão da doença, acontece nos meses mais chuvosos do ano, para cada região, que estão geralmente de novembro a maio, onde se concentra maior alerta para o combate ao mosquito. O principal foco do inseto é a água parada, onde são colocados os ovos, e que ainda sobrevivem por um ano no ambiente.
A infectologista Luana Araújo em entrevista ao G1, afirma que o "cenário para 2024 é extremamente preocupante com relação às arboviroses de uma forma geral. Tudo que o mosquito precisa, é do calor. Ele coloca os ovos, vem a chuva, que hidrata esses ovos e permite o desenvolvimento da larva. A larva eclode, vem o calor de novo, ela amadurece, vira um outro mosquito e por aí vai. Principalmente em razão do momento climático em que estamos, no calor excessivo e muita chuva, causados pelo El Niño."
Vacina contra a dengue
Em dezembro do ano passado, o Ministério da Saúde anunciou a vacina da dengue, pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Na ocasião, a ministra Nísia Trindade, disse que o novo imunizante somente deverá começar a ser aplicado em fevereiro deste ano.
Em meio a esse anúncio, o número de doses da vacina de dengue só imunizarão no máximo 3 milhões de pessoas em 2024. O país é o primeiro no mundo a oferecer esse imunizante pela rede pública, mas enfrenta o desafio com a baixa quantidade de doses. A Qdenga é o imunizante contra a dengue, e desenvolvido pelo laboratório japonês Takeda Pharma.
O ministério deve priorizar a imunização de crianças e jovens de 6 a 16 anos. O Ministério da Saúde ainda está em processos para receber doações, e com isso, a quantidade de doses pode chegar a 6 milhões.
O combate à doença
A infectologista Luana Araújo, ainda em entrevista ao G1, também ressalta a importância da prevenção e diminuição da presença do mosquito. "É muito importante que as pessoas cuidem de suas casas, aquilo que a gente sempre falou a vida inteira: pratinho de planta, garrafa retornável que está coletando água e não tem um escoamento, bandeja de degelo de geladeira, fonte em quintal, fontes ornamentais, depósitos, coisas ao ar livre, tudo isso pode coletar água. É de responsabilidade da gente, enquanto cidadão, cuidar de casa para diminuir isso".
Foram distribuídos cerca de 175 mil testes, entre as ações de combate à dengue, aos estados para fazer a testagem da população. Para a infectologista Luana Araújo, para o G1: "essa quantidade não será suficiente para o número de casos projetados, mas que também, em razão da validade dos testes, não é recomendável entregar a quantidade total agora."
O Ministério também distribuiu cerca de 30 toneladas de inseticidas utilizados no combate das larvas, e dos mosquitos adultos. A pasta disse ainda que repassou neste ano R$ 256 milhões para ações de fortalecimento da vigilância e combate dessas doenças, com foco nos casos de dengue.
Foto destaque: mosquito Aedes Aegypti. (Reprodução/foto: Lauren Bishop)