Apontado como um dos nomes mais fortes para suceder o Papa Francisco após sua morte, o cardeal italiano Pietro Parolin, de 70 anos, tem uma intensa trajetória de atuação diplomática na Igreja Católica. Ele contribuiu pela promoção de diálogo entre os Estados Unidos e Cuba, atuou como representante da Santa Sé na Venezuela e teve papel importante na reaproximação entre o Vaticano e o México.
Desde 2013, Parolin tem desempenhado a função de Secretário de Estado e foi a principal autoridade do Vaticano, logo após o Papa Francisco, se tornando uma figura essencial para ele, sendo o seu representante mais evidente no contexto internacional, e conhecido por sua tranquilidade e senso de humor sutil, teve um papel decisivo em negociações diplomáticas significativas com países como China e Vietnã.
A postura cautelosa de Parolin diante de temas polêmicos
De acordo com uma fonte anônima da Igreja que conversou com a AFP em Roma, Parolin é um dos cardeais mais reconhecidos pelo público. A fonte destacou que ele nunca desempenhou funções pastorais diretas e raramente se envolvia em questões sociais, seu papel sempre foi mais voltado para a esfera institucional.
O cardeal é conhecido por sua postura acessível e discreta em público. Ao contrário de Francisco, que adotava um estilo mais franco e direto, opta por evitar comentários que possam ser facilmente mal interpretados. Disse que o celibato dos padres é um dom que Deus concedeu à Igreja, e não uma norma doutrinária, e também ressaltou que associar a homossexualidade à violência sexual dentro da Igreja é inaceitável, além de ter condenado o aborto e a barriga de aluguel.
Papa Francisco e Pietro Parolin (Foto: reprodução/Vatican Pool/Getty Images Embed)
Trajetória de Parolin
Parolin nasceu em 17 de janeiro de 1955, ordenado sacerdote aos 25 anos. Em seguida, foi a Roma para estudar Direito Canônico e Diplomacia. Desde 1986, fez parte do serviço diplomático da Santa Sé, adquirindo experiência internacional e fluência em diversos idiomas.
Em 1989, participou da delegação apostólica enviada ao México, que conduziu as negociações na retomada das relações diplomáticas em 1992. Essas relações haviam sido rompidas no final do século XIX, após o presidente Benito Juárez confiscar propriedades da Igreja e instituir o Estado laico.
Já em 2009, foi embaixador na Venezuela, enfrentando um ambiente complicado sob o governo de Hugo Chávez. Em 2014, teve papel relevante na reaproximação diplomática entre os Estados Unidos e Cuba, mediada pela Santa Sé. Foi essencial no acordo entre o Vaticano e a China sobre a escolha de bispos em 2018. O acordo permitiu participação mútua na escolha dos prelados, mas gerou críticas de conservadores, principalmente nos Estados Unidos.
Foto Destaque: Pietro Parolin (Reprodução/Vatican Media/Getty Images)
