A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), operadoras e especialistas expressaram preocupações em relação ao funcionamento da internet no país devido à obra, que pode afetar os cabos submersos que conectam o Brasil ao resto do mundo. A Superintendência do Patrimônio da União (SPU-CE) deu sua aprovação à obra, apesar da resistência por parte do órgão e das empresas.
Cabos submarinos
Os cabos submarinos oferecem velocidade superior, maior capacidade de transmissão de dados e são mais eficientes em termos de custo se comparados às redes de satélite, como explica o diretor de Arquitetura de Rede e Engenharia Óptica do Google, Vijay Vusirikala. Milhares de quilômetros de cabos e repetidores percorrem os mares, interligando o planeta.
Ligações subaquáticas são extensões submersas nos oceanos, conectando estações terrestres de rede e facilitando a transmissão de sinais de telecomunicações. Para esses navegadores modernos, o mar apresenta diversos desafios, desde dentes de tubarões até embarcações e suas âncoras. Sim, a internet não existiria da forma como a entendemos sem essas conexões.
Camadas de um cabo submarino de fibra óptica (Foto: reprodução/Quora/mundoconectado)
No Brasil, esses cabos se concentram em três hubs principais, com destaque para o polo da Praia do Futuro, que recebe 17 deles devido à sua proximidade relativa com a Europa, África e o restante das Américas. Existem aproximadamente 400 links marítimos que atravessam os oceanos, conectando os diversos continentes do mundo. Na prática, essa “autoestrada” de dados tem a capacidade de suportar 17,5 milhões de pessoas transmitindo vídeos de alta qualidade simultaneamente, algo impraticável com o uso de satélites.
Os cabos
A configuração do leito oceânico em Fortaleza provoca a conexão da central cearense com os demais centros do país, como Salvador, Rio de Janeiro e Santos. Dessa forma, a construção da usina em Fortaleza suscita apreensão por parte da Anatel. O local representa mais de 90% do fluxo de internet no país, sobretudo devido à presença dos servidores das principais corporações de aplicativos e serviços fora do território brasileiro.
Com a aprovação da União, agora resta a emissão da Licença de Instalação da planta por parte da Semace, a Superintendência Estadual do Meio Ambiente. A Cagece, Companhia de Água e Esgoto do estado, assegura que o projeto já teve modificações e não apresenta nenhum perigo, tendo ampliado a distância entre os cabos e a infraestrutura da usina de 40 para 500 metros. O projeto do Governo do Ceará, que já foi aprovado pelo Conselho Estadual do Meio Ambiente, visa aproveitar a água do mar para o consumo humano. Segundo a previsão, a construção deve iniciar até março do próximo ano.
A Anatel destaca a necessidade de uma política de Segurança Nacional para cabos submarinos, propondo ações como vigilância marítima, cooperação internacional, parcerias público-privadas, auditorias de segurança, medidas cibernéticas, criptografia, firewalls, estudos de resiliência, diversificação de rotas, isolamento de rede, resposta rápida a incidentes, educação, revisão legislativa e avaliação da indústria nacional. Essas medidas visam fortalecer a segurança, prevenir ameaças e garantir a estabilidade da infraestrutura crítica de comunicações no Brasil.
Foto destaque: Mapa mostra cabos submarinos no mundo (Reprodução/Submarine Cable Map/mundoconectado)