O número de casos prováveis de dengue no ano passado, de acordo com o Ministério da Saúde, chegou a 1.450.270, apresentando uma taxa de incidência de 679,9 casos por 100 mil habitantes. Se compararmos este número com o ano de 2019, veremos uma redução de 6,2% de casos registrados no mesmo período, mas a comparação com o ano anterior não é nada boa. Analisando os dados de 2022 e 2021, é possível ver um aumento de 162,5% dos casos registrados pela doença.
Curva epidêmica dos casos prováveis de dengue no Brasil, 2019 a 2022. (Figura: Reprodução/Ministério da Saúde)
As regiões com maior taxa de incidência são: Centro Oeste e Sul do Brasil.
Taxa de incidência de dengue por região brasileira 2022. (Figura: Reprodução/Ministério da Saúde)
De acordo com os dados do balanço anual de casos de dengue, coletados pelo Ministério da Saúde e divulgados esta semana no boletim epidemiológico de monitoramento dos casos de arboviroses, o ano de 2022 foi o que registrou maior número de mortes por dengue desde a década de 1980, quando a doença “ressurgiu” no país e ficou mais frequente seu registro.
Ao todo foram registradas 1.016 mortes por dengue e os estados com maior registro foram: São Paulo (282), Goiás (162), Paraná (109), Santa Catarina (88) e Rio Grande do Sul (66). Outras 109 mortes estão sendo investigadas.
Distribuição de óbitos confirmados e em investigação por dengue, por município brasileiro, 2022. (Figura: Reprodução/Ministério da Saúde)
De acordo com o site g1 Saúde, até ano passado o ano de 2015 tinha sido o mais mortal para a dengue, com 986 óbitos.
Registros de mortes por dengue no brasil, 2008 a 2022. (Firgura: Reprodução/g1 Saúde)
Apesar do Estado de São Paulo carregar o maior número de óbitos por dengue em 2022, o boletim mostra que a cidade que mais apresentou registro de casos prováveis foi Brasília (DF), seguido de Goiânia (GO), Aparecida de Goiânia (GO), Joinville (SC), e só então aparecem os municípios paulistas, em quinto e sexto lugar, Araraquara e São José do Rio Preto, ambas do Estado de São Paulo.
Ainda de acordo com o site de notícias g1, as maiores epidemias de dengue registradas nos últimos anos aconteceram em 2016, 2016 e 2019.
Epidemia 2022
Um dos principais motivos apontados pelo infectologista e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, Alexandre Naime Barbosa, em entrevista com o g1 Saúde, que ocasionou a epidemia de 2022 foram os períodos chuvosos, principalmente no verão.
“A chuva aumenta o risco de água parada, o que é o cenário perfeito para a propagação do mosquito Aedes Aegypti. Aliado a isso está a diminuição da percepção de risco da doença,” sinalizou o especialista. "Para você controlar a dengue, você precisa controlar o vetor. Para controlar o vetor, você precisa da colaboração da população e de ações públicas. As ações nos municípios foram bastante diminuídas por conta da pandemia, como os 'fumacê' e as visitas dos agentes de saúde e de endemias", continuou Barbosa.
Ainda de acordo com o especialista, como a previsão aponta para novamente um verão chuvoso no Brasil, a tendência, é de que a dengue siga em alta pelo menos até meados de abril deste ano.
Antes a dengue era vista com mais frequência em regiões quentes e úmidas, mas desta vez ela decidiu migrar para áreas que antes registravam pouca ou nenhuma incidência de infecções pelo vírus.
“Em Santa Catarina, por exemplo. Joinville e Blumenau, que nunca tiveram dengue, ano passado tiveram uma grande epidemia desde o primeiro semestre,” afirmou o médico.
Dengue:
- Seu vírus é transmitido através da picada da fêmea do mosquito Aedes Aegypti infectado, e possui 4 sorotipos diferentes, mas o que todos têm em comum é a transmissão da doença;
- Os principais sintomas são: febre alta (acima de 38°C), dor no corpo e articulações, dor atrás dos olhos, mal estar, falta de apetite, dor de cabeça e manchas vermelhas no corpo. A forma grave da doença inclui dor abdominal intensa e contínua, náuseas, vômitos persistentes e sangramento de mucosas;
- A dengue hemorrágica, forma mais grave da doença, é mais comum quando a pessoa contrai o vírus pela segunda vez;
- Todas as faixas etárias são igualmente suscetíveis à doença, porém as pessoas mais velhas e aquelas que possuem doenças crônicas, como diabetes e hipertensão arterial, têm maior risco de evoluir para casos graves e outras complicações que podem levar à morte;
- Ao apresentar os sintomas, é importante procurar um serviço de saúde para diagnóstico e tratamento;
- No Brasil há apenas uma vacina contra a doença, mas é adquirida apenas no mercado privado e possui restrições. Ele só pode ser aplicado em quem já teve contato com o vírus da dengue, justamente para evitar uma nova infecção e a dengue hemorrágica.
Foto destaque: Mosquito Aedes Aegypti e suas características físicas. Como distingui-lo. Reprodução/SIte Paula Tostes.