O Brasil enfrenta críticas após sua participação na terceira reunião de negociação do tratado da ONU para a eliminação da poluição plástica, realizada em Nairóbi, Quênia, de 13 a 19 de novembro. Ambientalistas acusam o país de se alinhar aos interesses da indústria petroquímica, ignorando a necessidade de reduzir a produção de plástico.
Obstruções e falta de consenso
As discussões sobre um tratado internacional para combater a poluição plástica têm sido marcadas por obstruções e falta de consenso. Países produtores de petróleo, como Irã, Arábia Saudita e Rússia, são acusados de usar táticas de obstrução. A reunião em Nairóbi visava discutir maneiras de combater a poluição originária de combustíveis fósseis, mas terminou sem avanços significativos.
A produção de plástico dobrou nos últimos 20 anos, e projeções indicam que pode triplicar até 2060. Em 2022, a produção mundial alcançou mais de 430 milhões de toneladas, com cerca de 90% do material não sendo reciclado. Esse aumento preocupa ambientalistas e impacta a saúde humana e os ecossistemas.
Saiba mais sobre poluição plástica de forma didática e simples (Vídeo: reprodução/YouTube/Pesquisa Fapesp)
Foco nas próximas negociações
A Associated Press informou que novas propostas apresentadas na reunião tornaram o texto do tratado mais complexo, dificultando o progresso. Alguns países sugeriram concentrar-se na gestão de resíduos e medidas voluntárias nacionais, em vez de ações coordenadas globalmente. A próxima oportunidade para avançar nas negociações será em 2024.
Um estudo da Universidade Médica de Viena, reportado pelo Euronews, revelou que as pessoas ingerem aproximadamente cinco gramas de micro e nanoplásticos por semana. Esse dado alarmante destaca a necessidade urgente de abordar a questão da poluição plástica, que já é parte integrante da cadeia alimentar humana.
Foto Destaque: Homem coletando plásticos em meio ao descarte irregular. Reprodução/Rafiq Maqbool/Asmetro-SI