Entre janeiro e junho deste ano, o Brasil registrou 722 casos de feminicídios, marcando um aumento de 2,6% em comparação com os 704 casos do primeiro semestre de 2022. Os dados são resultado de uma pesquisa conduzida pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), que analisou informações das Secretarias Estaduais de Segurança Pública.
Segundo o FBSP, os 722 feminicídios no primeiro semestre de 2023 representam o maior número já registrado pela entidade para essa época do ano desde 2019. O levantamento destaca que o aumento nacional foi impulsionado por um aumento significativo de 16,2% nos casos no Sudeste, sendo essa a única região do país com aumento nos registros desse crime durante o primeiro semestre deste ano.
Enquanto isso, nas outras quatro regiões brasileiras, os casos de feminicídio diminuíram em relação a 2022, com a menor queda percentual no Nordeste (-5,6%) e no Norte (-2,8%). A preocupante tendência demanda atenção e ação imediata para combater essa violência de gênero crescente.
Brasil registra maior número de feminicídios da série histórica no 1º semestre. (Vídeo: reprodução/YouTube/g1globo)
Distrito Federal lidera aumento de casos
O Distrito Federal desponta como líder proporcional no aumento dos feminicídios no primeiro semestre deste ano, registrando um impressionante crescimento de 250%, mais que o triplo em comparação com o mesmo período de 2022. Essa preocupante estatística, revelada pelo levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, evidencia um salto de 6 para 21 casos na região.
Em contrapartida, Mato Grosso do Sul destaca-se pela menor queda, apresentando uma diminuição de 61,5% nos feminicídios, passando de 26 para 10 casos no mesmo comparativo.
O estudo abrangente das 27 Unidades da Federação revela que, no total, 14 delas experimentaram aumento nos casos de feminicídio no primeiro semestre de 2023, enquanto 12 apresentaram queda. A Paraíba se destaca como a única unidade a manter a estabilidade, registrando 17 casos tanto na primeira metade de 2022 quanto entre janeiro e junho de 2023.
Cruzes em Curitiba lembram vítimas de feminicídio. (Foto: reprodução/RPC)
Estupros crescem em todo país
No primeiro semestre deste ano, o Brasil testemunhou um crescimento de 14,9%, totalizando 34 mil casos de estupro e estupro de vulnerável contra meninas e mulheres, revela o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Isso traduz-se em uma perturbadora realidade, onde uma menina ou mulher foi vítima de estupro a cada 8 minutos, marcando o pico mais alto desde o início da série histórica em 2019.
O estudo do FBSP concentra-se exclusivamente nos crimes de estupro e estupro de vulnerável cometidos contra vítimas do sexo feminino. Segundo o levantamento, 74,5% dos casos registrados no primeiro semestre de 2023 foram de estupro de vulnerável, indicando que as vítimas tinham menos de 14 anos ou eram incapazes de consentir, seja por doença, deficiência mental, ou outra condição que as impedisse de oferecer resistência.
Preocupantemente, todas as regiões do país apresentaram crescimento nos casos de estupro e estupro de vulnerável no primeiro semestre de 2023 em comparação com o mesmo período do ano anterior. A maior variação ocorreu na região Sul, com um aumento de 32,4%, seguida pela região Norte, com 25%, e a região Nordeste, cujo crescimento foi de 13,2%. O Centro-Oeste registrou um aumento de 9,7%, enquanto o Sudeste apresentou alta de 4,8%. A necessidade de ações urgentes para combater essa alarmante tendência torna-se evidente diante desses números perturbadores.
A importância da denúncia
Diante do alarmante aumento de casos de feminicídio, estupro e abuso contra mulheres, é crucial destacar a importância da denúncia como ferramenta essencial na luta contra essa epidemia de violência de gênero. O silêncio perpetua a impunidade, permitindo que agressores evitem a justiça e continuem prejudicando vidas. Denunciar não é apenas um ato de proteção individual, mas um passo coletivo para construir uma sociedade mais segura e justa para todas. O Disque Denúncia Nacional, conhecido como Disque 181, é um serviço que permite realizar denúncias de forma anônima, incentivando mais pessoas a denunciarem casos de violência e contribuírem para a segurança das vítimas.
Foto destaque: Brasil registra 722 feminicídios no 1º semestre de 2023 (Reprodução/GloboNews)
