Ocorreu neste domingo (28) o debate de presidenciáveis na Band Tv as 21h da noite. No evento, estavam os candidatos Jair Bolsonaro (PL), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB), Soraya Thronicke (União) e Luiz Felipe D'Ávila (Novo). A dinâmica foi comandada pelos jornalistas: Eduardo Oinegue, Adriana Araújo, Leão Serva e Fabíola Cidral. Os candidatos poderiam pedir direitos de resposta, que iam para avaliação num comitê formado por quatro jornalistas e um advogado, e caso fosse aceito, eles teriam 45 segundos para defesa.
Mesmo tendo dito que não compareceria ao debate, o presidente Jair Bolsonaro acabou aceitando o convite da Band e compareceu ao evento. O ex-presidente Lula, que havia dito que só iria caso o atual presidente fosse, também estava presente. O programa se iniciou com breves explicações de como iria funcionar o debate, e como seria feito a dinâmica de perguntas e respostas com jornalistas, candidatos e apresentadores.
(Imagem/Reprodução: Instagram)
Logo no início, nas perguntas entre candidatos, Bolsonaro escolhe e questiona Lula sobre corrupção no seu governo, citando casos da Petrobras e acusando-o de ter sido o mais corrupto do Brasil: “A Petrobras, ao longo de 14 anos de PT, se endividou em R$ 900 bilhões, fruto de desmandos, refinarias, entre tantas outras coisas. Daria pra fazer 60 vezes a transposição do rio São Francisco. O povo nordestino sofreu por falta de água por corrupção de seu governo”, disse Jair. O ex-presidente reage e argumenta comentando sobre o seu governo ter implementado programas de investigação contra a corrupção e lembrou de ações que foram efetuadas na época em combate a esse crime, acusando o Bolsonaro de inverdades: "Era preciso ser ele a me perguntar e eu sabia que essa pergunta viria. As pessoas precisam saber que inverdades não valem a pena na televisão, citar números mentirosos não vale na televisão. Nenhum presidente fez tanta investigação quanto nós fizemos. Ou seja, nós fizemos, no nosso governo, tudo para combater a corrupção", argumentou Lula.
Logo em seguida, ao ser questionado sobre marcas de seu governo, Lula comenta sobre medidas de sua gestão para gerar empregos dentro do país: "É indescritível o que acabamos de ouvir. Foi exatamente no nosso governo que a Petrobras ganhou o tamanho que ganhou, com a capitalização de R$ 70 bilhões para crescer. O presidente precisava saber que meu governo é marcado pela maior política de inclusão social, pela maior geração de emprego, pelo maior aumento de salário mínimo, pelo maior investimento na Lei Geral da Pequena Empresa, pela criação do Simples. Ou seja, nosso governo foi o que mais fez investimento na Educação, são 18 universidades federais novas, 178 campis e 422 escolas técnicas", ele completou. Segundo o Estadão, a afirmação do presidente de que a Petrobras teria perdido 900 bilhões de reais com corrupção no governo do PT é falsa, pois a polícia federal estimulou uma perda de até 42,8 bilhões de reais nos esquemas investigados pela Lava Jato, e a empresa declarou ressarcimento de 6,2 bilhões até 2021.
Então foi a vez de Ciro, que escolheu o atual presidente Jair Bolsonaro para fazer sua pergunta, e o questiona sobre a fome do país, relembrando a fala do presidente negando que exista fome no Brasil. Confira o momento da pergunta e a resposta do questionado:
(Vídeo/Reprodução: UOL)
Um pouco mais adiante, quando questionada pela candidata Soraya Thronicke sobre quais os planos dela para diminuir as filas do sus agravadas pela pandemia da covid-19, Simone Tebet respondeu: “Nós acabamos de sair de uma pandemia que poderia ter sido melhor gerida se tivéssemos um presidente sensível à dor alheia. Lamentavelmente, no momento que o Brasil mais precisou, ele virou as costas para a dor das famílias enlutadas e negou vacina no braço. Atraso de 45 dias na compra de vacinas. Quantas famílias perderam prematuramente seus filhos e eu não vi o presidente pegar a moto dele e entrar num hospital para dar abraço em mães que perderam seus filhos. Pelo contrário, vi escândalo de corrupção na compra de vacinas. Nesse aspecto, a pandemia se agravou porque não houve coordenação do governo federal.”, ela disse. A candidata completou sua fala dizendo que pretende decretar calamidade pública para resolver essa situação e conseguir suprir a demanda de exames e cirurgias que precisam ser feitas no Brasil. Soraya comenta que a proposta dela é utilizar toda a capacidade da economia privada para diminuir as filas.
No momento de Lula fazer a pergunta, ele a direciona para Luiz Felipe D’ávila o questionando sobre propostas para o meio ambiente. O candidato do partido Novo comenta que pretende impulsionar a geração e o consumo de energia renovável e alavancar a promoção do chamado emprego verde, que se trata de uma iniciativa que busca uma sinergia entre o mercado de trabalho, a produção de energia e os temas ambientais. Com isso, ele pretende recuperar o crescimento econômico do Brasil e ajudar o país com mais investimento privado. Lula, em sua tréplica, comenta que o governo dele foi o que mais reduziu o desmatamento na história do Brasil e que atualmente ninguém respeita o país no âmbito da questão.
Quando chegou a vez de Simone fazer a sua pergunta, ela questionou a Soraya sobre como resolver os problemas da educação. A candidata questionada respondeu que é preciso isentar os impostos de todos os professores, gerando assim uma valorização na educação. Comentou também que é preciso um maior financiamento para a área, que é preciso combater o analfabetismo funcional e que era preciso, em época de estudo à distância e pandemia, terem feito uma proposta melhor para as aulas, como a exibição em TV aberta, para evitar o atraso educacional nas crianças e adolescentes estudantes. A questionada também comentou que era necessário que o valor investido nas merendas fosse atualizado. Simone Tebet falou sobre sua proposta educacional de movimentar as obras das mais de duas mil creches que estão paradas, e de implementar o programa poupança jovem, com um bônus de 5 mil reais para cada jovem que completasse o ensino médio. Tebet ainda comentou que o valor poderia ser utilizado em qualquer aspecto, como dar entrada numa moto ou comprar um celular.
Na rodada de perguntas dos jornalistas, o jornalista Rodrigo Schneider pergunta de onde sairia o dinheiro para bancar o auxílio emergencial nos próximos anos, e escolhe Bolsonaro para responder e Luiz Inácio para comentar. Bolsonaro argumenta que esse assunto já está sendo conversado com os membros economistas responsáveis pelo setor e acusa novamente o governo Lula, que rebate o acusando de promover inverdades sobre sua gestão. Bolsonaro, aparentemente irritado com a situação, fala que está no DNA de Lula mentir e inventar números e comenta que a economia está “bombando”. De acordo com a Carta Capital, o baixo crescimento do PIB acompanhou a alta da inflação nos últimos anos. A alta inflação não ocorre no país apenas neste ano. “De fato, quando analisamos os quatro anos do governo Bolsonaro a situação relativa é ainda pior, dado que a inflação acumulada de 28% coloca o Brasil com a 43º taxa mais alta entre 192 países”, diz a matéria em questão, e completa com uma breve conclusão: “A breve análise aqui empreendida mostra claramente que, na comparação internacional, a situação da economia brasileira refletida em importantes indicadores macroeconômicos é bastante desfavorável. Ainda, mostra que não há tendência de melhora, já que em três dos quatro indicadores (a exceção é a inflação) a posição relativa prevista para o país no último ano, 2022, é ainda mais desfavorável que nos anos anteriores, como mostra a comparação de todo o período Bolsonaro.”
Patrícia Campos Mello, representante da Folha de São Paulo, questionou Lula e Ciro em relação à união da esquerda no Brasil. Confira a resposta dos candidatos e o breve desentendimento que ocorreu no momento:
(Vídeo/Reprodução: YouTube)
Na pergunta de Simone para Bolsonaro o questionando sobre o motivo de ele odiar tanto as mulheres, Bolsonaro também se defendeu e acusou a candidata de falar sem ter provas. Confira o momento do ocorrido:
(Vídeo/Reprodução: YouTube)
Na vez de a jornalista Vera Magalhães fazer a sua pergunta, ela questiona o candidato Ciro Gomes sobre o plano nacional de imunizações e sobre a queda da cobertura vacinal nos últimos anos. Neste momento, Bolsonaro ao ser escolhido para fazer o comentário, ataca a jornalista. “A cobertura vacinal está despencando nos últimos anos. Em que medida que a desinformação difundida pelo presidente pode ter agravado a pandemia de Covid?”, perguntou a jornalista. O presidente, na sua vez de comentar, a respondeu: “Vera, não poderia esperar outra coisa de você. Você tem alguma paixão por mim. Você não pode tomar partido em um debate como esse. Fazer acusações mentirosas a meu respeito. Você é uma vergonha para o jornalismo brasileiro. Não pedi a tua opinião”.
Segundo o jornal Folha de São Paulo, dados de um relatório da Abert sobre violações à liberdade da expressão mostra um aumento de profissionais da imprensa vítimas de atentados, agressões, ameaças, ofensas e intimidações em 2021, na comparação com o ano anterior. Em 2021, o presidente Jair Bolsonaro foi o maior autor destes ataques. O relatório divulgado lista 46 ofensas efetuadas pelo chefe do poder executivo, fora os ataques de seus apoiadores que são considerados influenciados pelo presidente. “O relatório documenta diversos ataques à Folha e a profissionais do jornal. As principais ofensas partiram de Bolsonaro”, comenta a matéria.
Felipe D'ávila, ao comentar sobre a Lei Maria da Penha de proteção às mulheres que sofrem qualquer tipo de agressão, confunde os nomes e chama a lei de "Polícia Maria da Paz". “Por exemplo, a polícia Maria da Paz, uma força importante que vem aumentando brutalmente as mulheres que têm coragem de denunciar estupro. Nós temos que aproveitar as boas experiências de política pública voltadas para combater crimes desta natureza”, disse o candidato.
Sempre que questionado sobre auxílio emergencial, Bolsonaro comentou sobre os 600 reais que o governo está distribuindo para famílias de baixa renda no país. Nas mídias sociais, alguns aliados de Lula se pronunciaram sobre as falas do presidente:
Bolsonaro é mentiroso contumaz. Desde início PT defendeu os 600,00 para o auxílio emergencial. Bolsonaro propôs 200,00, o Congresso votou 600,00. E ele deixou por um tempo o povo sem auxílio nenhum. O PT SEMPRE votou a FAVOR do auxílio. Mentiroso e canalha https://t.co/cdfRsYIBgw
— Gleisi Hoffmann 1313 (@gleisi) August 29, 2022
(Imagem/Reprodução: Twitter)
Bolsonaro, um pouco mais adiante no debate, questiona Ciro sobre politicas de defesa a mulher e pergunta se ele acha que será possível manter e ampliar esses programas que foram implementados durante o governo dele. Ciro, então, cita a fala de Bolsonaro sobre sua quinta filha, a chamando de “fraquejada”, e Bolsonaro responde que já havia se desculpado por essa fala e reforçou seu pedido de desculpas. Confira o momento:
(Vídeo/Reprodução: YouTube)
Lula então pergunta para Simone Tebet, que era participante da CPI da Covid-19, se houve corrupção no combate ao coronavírus. Simone comenta que houve insensibilidade por parte do governo Bolsonaro ao lidar com a doença e com as vítimas, principalmente por ter levado muitas vezes em tom de brincadeira. Prosseguindo com sua fala, a candidata afirma que houve sim corrupção e contratos de vacinas superfaturadas que davam vergonha de ser lidos, segundo palavras da candidata.
Além disso, ela afirma que em seu governo teria transparência total de informações e que não haveria sigilo de 100 anos, e completa dizendo que não é a favor da reeleição e que essa forma de governo deveria acabar. Tebet conclui citando o orçamento secreto, que é basicamente a utilização de verbas para fins que não são especificados, sem qualquer regra estabelecida.
Na última fase do debate, jornalistas faziam perguntas e eram sorteados dois candidatos para responder. Ciro Gomes e Soraya responderam sobre a posse de armas no Brasil. Ciro se declarou contra a posse e declarou que só serviria para reforçar a milicia no Brasil, já Soraya se mostrou a favor e argumentou que é a favor da autodefesa pois o país possui uma péssima segurança pública e completou dizendo que defende a total autonomia da PF.
Lula e Simone Tebet responderam se haveria possibilidade de o ministério possuir pelo menos 50% da equipe mulheres no governo. Lula respondeu que não prometeria nada para depois, caso não fosse possível, passasse de mentiroso, mas disse que faria o possível e que contrataria pessoas que tem capacidade. Já Simone respondeu que assumiria sim esse compromisso de equiparar as mulheres com os homens, e que no governo dela não haveria nenhum contratado que esteja envolvido em escândalos de corrupção.
Na vez de Felipe e Bolsonaro, que também responderam sobre mulheres, Luiz Felipe D’ávila comenta que o necessário não era implementar novas medidas, e sim fazer com que as que já existem sejam cumpridas, combatendo a impunidade no Brasil. Já Bolsonaro comentou que em seu governo o número de mortes violentas diminuiu muito, principalmente contra a mulher, e completou dizendo que nesse âmbito a sua forma de governo também tem dado certo.
Segundo a revista Veja, a informação de que as mortes violentas reduziram no governo Bolsonaro possui sim veracidade dos fatos. Um levantamento promovido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostra que os índices foram os menores registrados desde 2011. O Brasil registrou no ano passado uma queda de 6,5% no número de mortes violentas. “Foram registrados 47.503 casos, uma taxa de 22,3 mores por cada grupo de 100 mil habitantes. A redução é uma boa notícia para o governo de Jair Bolsonaro. Esta é a menor taxa desde 2011, registrada no primeiro ano do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff”, comenta a matéria.
Por fim, cada candidato teve 2 minutos para que apresentasse suas considerações finais do debate. Confira as considerações finais de Ciro Gomes:
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Confira as considerações finais de Luiz Inácio Lula da Silva:
(Vídeo/Reprodução: YouTube)
Confira as considerações finais de Jair Messias Bolsonaro:
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Confira as considerações finais de Simone Tebet:
(Vídeo/Reprodução: YouTube)
Confira as considerações finais de Soraya Thronicke:
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Confira as considerações finais de Luiz Felipe D’ávila:
(Vídeo/Reprodução: YouTube)
É importante ressaltar que caso haja segundo turno, a data do novo debate da Band já esta marcada e será no dia 09 de outubro de 2022. Acompanhe as mais variadas notícias sobre política aqui no portal Lorena R7.
Foto Destaque: Debate presidencial de 2022. Imagem/Reprodução: Instagram/@bandjornalismo