O BioParque tem sido uma das atrações principais na cidade do Rio. Localizado em São Cristóvão na zona norte, desde de sua reformação, o local tem sido opção de lazer para cariocas e turistas. No entanto, nas últimas semanas o zoológico tem sido alvo de investigações por ilegalidade e maus-tratos.
BioParque do Rio. (Foto: Lara Chateaubriand/Reprodução/Turismo e Cia)
No dia 14 de dezembro, três girafas morreram após serem importadas para o Rio com destino ao BioParque. Após a necropsia, laudos apontaram como causa da morte edemas e enfisemas pulmonares ao não resistirem a um quadro de miopatia (conjunto de doenças que atingem exclusivamente os músculos após um quadro de grande estresse e agitação).
Em dois animais hematomas e coágulo também foram encontrados, como relatado no documento entregue ao Inea (Instituto Estadual do Ambiente) no último dia 25. Nenhum dos animais teve o sistema nervoso avaliado para um levantamento mais preciso, nem mesmo fotos para apontar o fato.
Girafas no galpão em Mangaratiba. (Foto: Brenno Carvalho/Agência O Globo)
De acordo com o acesso concedido ao O Globo, segundo o diretor de operações do BioParque, Manoel Browne, através de um registro de ocorrência feito pela Polícia Federal (PF) no dia 25, diz que as girafas foram recapturadas com cordas adequadas.
Para o veterinário Mário Henrique, especialista em animais silvestres, a ausência de fotos como relato em laudos cadavéricos é incomum. Em uma entrevista ao O Globo, o médico diz que laudos sem fotos são de baixa qualidade porque é preciso confiar no redator que descreve. Além disso, ele também afirma que é muito difícil a captura de girafas por meio de cordas, como foi feito.
Mário também salienta que o país não possui profissionais especializados para captura desse tipo de animal, além de não haver drogas específicas para essa ação. Para ele, a falta de posicionamento de entidades importantes relacionadas ao meio ambiente, como a AZAB (Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil), gera desconfiança.
Animais importados. (Foto: Reprodução/G1)
Durante as investigações, a PF chegou a prender dois homens por maus-tratos de girafas em Mangaratiba, no momento já havia 15 das 18 girafas que foram importadas ilegalmente da África do Sul pelo BioParque, segundo a polícia.
Em depoimento, um fiscal do Ibama relatou que as girafas estavam sendo mantidas em baias sem espaço ambiental adequado e sem esposição ao sol, além de área incompatível com a quantidade de animais. Ainda segundo o representante, autoridades que concederam as importações foram negligentes, desconsiderando a legislaçção.
Vale lembrar que o Bioparque tem autorização para importar animais, mas não pegá-los da natureza como foi feito com as girafas. Após serem recapturados, os animais foram levados a galpões em Mangaratiba por ainda não haver local adequado. Até o momento, laudos relataram "muito sofrimento" aos animais pela captura. O caso vem sendo analisado pelo Ibama e Inea.
Ativistas em protesto na entrado do BioParque. (Foto: Reprodução/Domingos Peixoto/Agência O Globo)
No Rio, alguns ativistas protestaram contra os maus-tratos no último dia 30, como mostra a imagem acima.
Foto Destaque: Girafas no galpão em Mangaratiba. Brenno Carvalho/Agência O Globo.