O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conquistou um novo aliado nas críticas contra o Banco Central (BC). O economista André Lara Resende, um dos participantes da elaboração do Plano Real, condenou as altas taxas de juros mantidas pelo BC, presidido por Roberto Campos Neto.
No início de fevereiro, o Banco Central decidiu preservar a Selic em 13,75%, porcentagem que vem sendo mantida desde agosto de 2022 .
Em entrevista ao Canal Livre, da TV Bandeirantes, veiculada no último domingo (12), o economista relembrou o caso das lojas Americanas, alertando a respeito das altas taxas combinadas com os balanços fracos dos bancos. “O fato de que tivemos quebras no varejo leva os bancos a retraírem drasticamente o crédito. Assim, você agrava o processo de desaquecimento da economia e coloca o país em uma possível recessão muito séria”, afirmou.
Ele também descartou que o país esteja passando por uma crise fiscal, argumentando que a relação dívida do PIB brasileiro caiu para 73% no ano passado, sendo o nível mais baixo dos últimos sete anos.
André Lara Resende é ex-diretor do Banco Central (Foto: Reprodução/Agência Brasil)
Para Lara Resende, que atuou na equipe de transição do governo Lula na área econômica e agora assumirá a comissão de estudos estratégicos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), os critérios utilizados pelo BC para manter a Selic no atual patamar estão incorretos.
“Faz sentido nesse contexto você ter uma taxa de juros que há dois anos nesse nível? Claramente não”, pontuou. “Os objetivos do Banco Central, determinados na lei que deu autonomia ao Banco Central são o controle da inflação, a estabilidade do sistema financeira e a garantia do pleno emprego. Obviamente essa taxa de juros de 13,75%, é incompatível com esses objetivos. Ela está errada”.
Atualmente, dois dos oito líderes do BC estão prestes a terminar os respectivos mandatos. Os substitutos são indicados pelo presidente da República e precisam passar também pela aprovação do Senado.
Foto Destaque: André Lara Resende - Reprodução/Antonio Scarpinetti