Era domingo, 19h30, dia 31 de maio de 2009. Levantou voo do Aeroporto Internacional do Galeão o avião Airbus A330 da Air France, saindo do Rio de Janeiro com destino a Paris; não chegou. Após três horas de decolagem, o avião caiu no Oceano Atlântico após uma forte tempestade e inexperiência dos pilotos.
O avião era moderno, bem equipado, porém com pilotos inexperientes. Erros fatais que resultaram em uma tragédia que até hoje é lembrada pela falta de empatia da companhia aérea e pela demora da justiça para julgar os responsáveis. Foram 13 anos de angustia dos famíliares das vítimas, que ficaram na espera de respostas.
Rodas do Airbus A330 no fundo do Oceano Atlântico. (Foto/reprodução/G1)
Entre esses 13 anos de espera pelo julgamento, muitos famíliares ainda aguardaram nas buscas pelos corpos, na demora por respostas e ainda ter a informação de encerramento das buscas. Isso gerou revolta na época. Muitos dos corpos até hoje não foram localizados e famíliares não puderam se despedir pela última vez de seus entes queridos.
Julgamento 13 anos depois
Após uma longa espera por definição, a justiça decidiu julgar os responsáveis pela tragédia aérea. Ontem (17/10), foi ouvido pela primeira vez os quatro últimos minutos do aúdio da cabine da aeronavedurante o processo no tribunal em Paris.
"Nós ouvimos vozes do além-túmulo. Foi um momento apavorante porque ouvimos os pilotos, que em vários trechos (dizem): 'Nós tentamos de tudo'. Eles não entendiam o que estava prestes a acontecer", declarou à agência de notícias AFP um dos advogados da associação Entraide et Solidarité AF447.
No primeiro dia de julgamento a Airbus culpou os pilotos de terem errado, já que o outro sensor funcionava corretamente e os tripulantes não souberam interpretá-lo de maneira correta. A investigação da aeronáutica apontou que tripulantes não foram informados de possíveis problemas com o congelamento do sensor e que a Airbus não teria agido de maneira correta para avisar e solucionar o problema.
Os familiares ficaram revoltados com esse jogo de peteca, onde as empresas tentam sair da frente da responsabilidade : "É um julgamento que as vítimas devem ser o centro das discussões, não queremos a Airbus ou Air France trasformem isso numa conferência de engenheiros.", afirmou o advogado Sebastien Busy, que defende os familiares das vítimas.
Mas um dos pontos mais polêmicos é o valor da multa. A máxima pode ser de 225 mil euros (R$1,13milhão). Os familiares dizem que esse valor é pequeno para o lucro de anos da Air France e Airbus, sendo que em apenas dois minutos as empresas levantam isso de lucro, considerando o lucro anual das empresas antes da pandemia e dividido por minutos do ano.
Foto destaque : Asa transeira do avião no Atlântico. (foto/Veja)