O uso do telefone celular por funcionários do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, nos pontos mais cruciais do terminal de cargas será proibido a partir do mês que vem. A decisão ocorreu depois que duas brasileiras, Katyna Baía e Jeanne Paolini, foram presas na Alemanha porque um funcionário colocou as etiquetas de identificação da mala delas em duas bagagens abastecidas com 40 quilos de cocaína.
Na investigação, a Polícia Federal (PF) constatou que os traficantes utilizaram o celular para combinar a troca das etiquetas.
De acordo com o auditor fiscal da Receita Federal e delegado da alfândega do aeroporto de Guarulhos, Mário De Marco, o caso envolvendo Baía e Paolini elucidou a percepção sobre as ações que vêm sendo realizadas para impedir o tráfico.
"Esse fato foi péssimo. Foi para a imagem do país; principalmente para as duas brasileiras foi muito ruim. Mas trouxe uma facilidade do entendimento que a gente precisa ser mais assertivo nas ações. A facilidade que a gente tem com a tecnologia no dia a dia, infelizmente, as quadrilhas também se utilizam dessas facilidades, o que obviamente dificulta a atuação das autoridades", disse ao Jornal Nacional (JN).
Polícia Federal (Foto: Reprodução/Marcelo Camargo/Agência Brasil)
As áreas de circulação de mercadorias e bagagens do maior aeroporto do país sempre preocupou as autoridades. Nos últimos dois anos e meio, a PF deteve mais de 100 funcionários terceirizados que atuavam no local, a maior parte por tráfico de drogas.
O delegado do aeroporto de Guarulhos, Felipe Lavareda, aponta que, muitas vezes, os funcionários são aliciados pelos traficantes ainda no período da contratação.
“Tem casos de que um funcionário, que já faz parte da organização, acaba indicando um colega ou um amigo; alguém que, depois, a gente descobre que também está traficando", afirmou.
Apesar de mais de 2.500 câmeras de vigilância instaladas no terminal, a Polícia Federal encaminhou um documento na semana passada expondo diversas falhas no monitoramento do local à Receita, à administração do aeroporto e ao Ministério Público. Na documentação, a PF ainda recomendava a instalação imediata de mais câmeras.
Foto Destaque: Placa de embarque. Reprodução/Rovena Rosa/Agência Brasil
