Nove dias se passaram desde que cinco tripulantes de uma embarcação que naufragou no litoral sul catarinense foram resgatados com vida dentro de uma balsa. O resgate foi realizado no dia 17 de junho, quase 24 horas depois do desaparecimento dos tripulantes. No entanto, três pescadores ainda estavam perdidos no mar e um deles foi encontrado com vida depois de passar mais de 48 horas perdido. Deivid Ferreira conversou com o programa da TV Globo, "Fantástico", e contou sobre os momentos de desespero que viveu desde o naufrágio até a perda dos amigos que tentava salvar.
De acordo com o pescador, duas ondas fizeram o barco virar. Diego Brito e Alisson Santos foram lançados ao mar nessa hora.
"Quando jogou eles, eu já não vi mais. Eu os escutava gritando e fiz questão de pular", disse ele. Devid mergulhou no mar com boias para resgatar os colegas. Com isso, os três foram arrastados pela correnteza. Foi aí que eles se perderam no mar.
"De longe dava para ver o claro do barco e, poucos minutos depois, já não vi mais. E daí ficamos à deriva, sem caber", lembra.
Deivid à deriva antes do resgate (Foto: Reprodução/Divulgação/Marinha do Brasil via CNN)
O mar se encontrava muito agitado naquele dia, dificultando as buscas. A Marinha teve dificuldade em encontrar os homens em alto mar, mesmo com a ajuda de um helicóptero. Quando aconteceu o pior para Deivid:
"Eu perdi o Diego primeiro. Perdi no sábado, amanhecendo para o domingo. Quando foi umas 16h eu perdi o Alisson", conta.
Os dois colegas foram levados pela correnteza para longe de Devid e até o momento não foram encontrados. Para Deivid, além da exaustão física, a exaustão mental depois de perder os amigos começou a afetá-lo.
"Eu me desesperei e comecei a nadar igual a um desnorteado, sem saber para onde ir", disse ele.
Deivid foi arrastado a 200 quilômetros de Florianópolis e, ao ser acordado por uma onda, avistou um helicóptero se aproximando.
"Dei com a mão. Eles passaram por cima de mim e eu pensei: 'será que não viram?' Aí eu dei a segunda vez com a mão e eles vieram".
Depois de ter sido socorrido, o principal medo era relacionado à temperatura corporal dele. Ele foi levado para o hospital e, internado, ainda não há prognóstico para sua alta devido a uma febre que ainda está em investigação.
"A pessoa ficar naquela situação, com frio, com medo, ansiedade e não ter perspectiva de salvamento. Isso é muita força, não só física, mas acho que especialmente a força mental" disse o médico que atendeu Deivid, Thiago Thomaz.
Foto destaque: Momento do resgate de Deivid. Reprodução/Metrópoles