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330 mil pessoas não tem casa na França, número 150% maior que década anterior

O número de crianças em situação de vulnerabilidade é alarmante, pois já foi registrado 1.346 pedidos de pernoite para crianças em abrigos somente em uma noite no fim de 2022. Estima-se que mais de 12 milhões de Franceses estejam em condições pr

27 Fev 2023 - 11h10 | Atualizado em 27 Fev 2023 - 11h10
330 mil pessoas não tem casa na França, número 150% maior que década anterior Lorena Bueri

Na França, 330 mil pessoas não têm casa. Segundo a Fundação Abbé Pierre, este número significa um aumento de 150% no índice de desabrigados na última década da França, que era de 133 mil no início do período registrado. Se acrescentado o número de pessoas  hospedadas por terceiros ou em alojamento provisório, o número sobe para 1098. E piora, para 12,1 milhões de franceses, quando se considera os que estão vivendo sob diversos tipos de vulnerabilidades habitacionais, como moradias muito pequenas, privada de conforto ou contas em atraso.

Na noite de 5 de dezembro, 5 mil pessoas em toda França telefonaram para o 115, o número governamental relacionado à “emergências de segurança”, para pedir abrigo para passar a noite. Dentre elas, 1.346 eram crianças, segundo a Federação dos Agentes da Solidariedade (FAS). Naquela noite, 122 crianças com menos de 3 anos receberam um não e dormiram na rua. 


Desabrigado (Reprodução/FreePick)


Somente na capital do país, em Paris, 3.015 pessoas, com 115 menores de idades entre elas, foram consideradas sem-teto após o evento “Noite da solidariedade”, que aconteceu em 26 de janeiro com o objetivo de ajudar pessoas sem abrigo. A contabilização em Paris, quando somada há mais 26 cidades dos arredores, chega a 6.633 pessoas em situação de vulnerabilidade, vivendo nas ruas. 

O sociólogo Christophe Robert, coordenador do relatório da Fundação Abbé Pierre, explicou que muitos desabrigados desacreditam na eficiência do serviço do número 115 e não tentam pedir ajuda: “Muitos nem ligam mais para o serviço, pois, além do longo tempo em espera, sabem que não terão uma resposta positiva. Mas só aumentar o número de alojamentos de urgência não será suficiente, e enquanto não houver uma conscientização disso, não se resolverá o problema”, ressaltou

O relatório da Fundação Abbé Pierre pontuou as causas da dificuldade enfrentada tanto por indivíduos de baixa renda, quanto de classe média, para conseguir ter ou manter uma moradia: o retorno da inflação em 2022, as consequências da pandemia da covid-19, a crise energética causada pela guerra na ucrânia e ineficiência do poder público em executar medidas de combate à ao déficit habitacional.

Foto destaque: Sem teto na França - Francois Mori - AP

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