A presença dos felinos está cada vez maior nos lares brasileiros. De acordo com o Censo Pet IPB, o Brasil encerrou 2021 com 27,1 milhões gatos de estimação, aumento de 6% em comparação com o ano anterior -- superior à alta no número de cães, de 4%. Embora o crescimento represente uma paixão nacional, lidar com o comportamento dos bichanos pode ser um desafio para tutores de primeira viagem e uma das principais queixas dos adotantes é quando o pet começa a fazer xixi pela casa.
De acordo com a coordenadora do curso de Medicina Veterinária da Faculdade Anhanguera, professora doutora Janaína Duarte, a tendência comportamental dos gatos é a de assumir hábitos higiênicos, com os animais enterrando suas fezes e urinas em caixas de areia ou em jardins, porém, esse não é um traço instintivo. “Os filhotes não nascem sabendo. São as mães que ensinam qual é o local onde devem fazer suas necessidades fisiológicas”, afirma a acadêmica.
Quando o felino começa a urinar em pontos aleatórios do ambiente já na fase adulta, o caso precisa ser investigado por um especialista e, geralmente, indicam três questões: problemas de saúde, insatisfação com o local de micção ou demarcação de território. Algumas características são indicativos do que pode estar acontecendo e demandam a atenção de tutores.
DOENÇAS
Inflamações e problemas no sistema urinário, como cálculo renal, causam dores fortes nos gatos. Quando os tutores identificam que os animais estão urinando em locais distintos e aos poucos, é preciso acionar um médico veterinário com urgência para verificar a situação de saúde do animal. A docente ressalta que este é o principal fator a ser considerado.
INCÔMODOS
A micção é uma forma de comunicação para os bichanos e pode indicar alguma insatisfação. Questões que afetam o emocional, como o estresse causado por mudanças ou a chegada de um novo pet, além de incômodos objetivos, como desagrado pela falta de limpeza e desaprovação à higienização da caixa de areia, são alguns dos motivos por trás desse comportamento.
TERRITORIALISMO
A personalidade felina é mais territorialista do que a dos cães e a presença de outros animais, inclusive pela vizinhança, provoca a sensação de ameaça. Nesses casos, os gatos fazem xixi pelos cômodos e móveis em forma de spray, para registrar sua marca nos espaços da casa. Por conta da presença de feromônios, o odor da urina é mais intenso, diferente do de uma ida comum ao banheiro.
POSSÍVEIS SOLUÇÕES
A castração reduz os níveis hormonais e pode controlar o seu desejo de fazer xixi fora da caixa de areia. Manter os gatos ativos, com brinquedos interativos para ocupar o dia, também é uma estratégia que contribui para a saúde mental do animal e diminui o estresse e a ansiedade causados por mudanças ou pela ausência dos donos, em casos de viagens.
Como recomenda a professora da Anhanguera, um profissional qualificado está capacitado para identificar a fonte do problema e pode indicar os melhores produtos e tratamentos para solucionar a situação. “É interessante esperar pela opinião de um especialista antes de investir em sprays e difusores, por exemplo, pois na grande maioria das vezes, a micção em locais atípicos, está associada às causas patológicas”, considera. “As consultas com o médico veterinário devem acontecer periodicamente e são importantes para avaliar hábitos e características típicas dos gatos”, finaliza.
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