Há alguns anos, o animal raramente era visto. Um ou outro também era encontrado em gaiolas. Aos poucos, a população foi conscientizada a não prender o animal e deixá-lo viver e procriar na natureza.
“Era normal todo mundo criar, era normal. Era a cultura, né. Era uma diversão. Vinham uns atravessadores, né. Aí eles pegavam e vendiam pra levar para as feiras. Hoje, é muito difícil, aprendemos a não prender mais ,né. Criar solto, que tem mais valor solto do que preso, né”, contou o caseiro Francisco José Batista.
Caixas simuladoras de ninho para Peirquito-cara-suja - Foto: Divulgação Projeto Periquito Cara-suja
Há 13 anos a ONG Aquasis, que protege espécies ameaçadas, começou a implementar estratégias para impedir que o periquito entrasse em extinção. Entre elas, estão caixas simuladoras de ninho, que são colocadas perto de moradores comprometidos com o projeto. De madrugada, enquanto os pássaros dormem nas caixas, eles são transportados de carro até outra Serra para o repovoamento.
Se outrora a captura ameaçava esses animais de extinção, acontecendo em momentos de maior vulnerabilidade, como a época de reprodução - que também é primordial na sobrevivência da espécie - agora esses animais são estrategicamente acolhidos pelos moradores:
“Para mitigar essas ameaças principais, criamos uma rede de colaboradores locais que abraçaram essa causa, não só permitindo a colocação dos ninhos artificiais nas suas propriedades como também ajudando a evitar a captura dos indivíduos” explicou Fábio Nunes, biólogo da Aquasis e coordenador do projeto Periquito Cara-suja
“As aves que chegam da Serra de Baturité nas caixas-ninho são colocadas num recinto grande, fechado, pra irem se adaptando aos poucos ao novo ambiente. Em, no máximo, três meses, são soltas pra se alimentarem por conta própria e também se reproduzirem, repovoando a floresta da Serra da Aratanha"
Filhote de Periquito-cara-suja - Foto: Divulgação Projeto Periquito Cara-suja
32 aves já foram levadas para a Serra da Aratanha, trazidas da Serra de Baturité, e todas já tiveram filhotes. O êxito do projeto é celebrado pelos moradores, que percebem sua responsabilidade na conservação local
"Poder participar disso e saber que você vai deixar uma marca positiva para as próximas gerações é uma emoção que transborda, forte demais. Então, a nossa garantia são a fauna e a flora nativa vivíssimas para sempre, né?”, relatou o ambientalista e morador da região, Israel Cavalcante Mendes
Foto destaque: Periquito-cara-suja já esteve criticamente em perigo, pior do que ameaça de entinção Foto: Divulgação Projeto Periquito Cara-suja