Foi descoberta uma nova espécie de peixe na Ilha da Trindade, por pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e da Universidade de São Paulo (USP). Eles descobriram que a ilha abriga várias espécies que vivem apenas nessa área. Acyrtus simon é um tipo de peixe-ventosa que chama a atenção por suas cores rosadas e seu hábito de se grudar em alguns locais para não ser arrastado pela correnteza.
A nova espécie foi descoberta por pesquisadores do Instituto de Biologia Marinha da USP e do Laboratório de Ictiologia (IctioLab) da Ufes, em colaboração com o Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e California Academy of Sciences, juntamente com a Marinha do Brasil.
A descoberta
A descoberta foi publicada através de artigo no fim de 2022 depois de diversas análises e atualmente no fim de julho pela Ufes.
João Luiz Rosetti Gasparini, capixaba, biólogo e especialista em peixes, é um dos pesquisadores envolvidos nas expedições à ilha para encontrar a nova espécie do peixe:
"Em 1995, observei um exemplar. Já fui oito vezes para Trindade. Acho que, somando todas as viagens, eu fiquei quase 100 dias na ilha fazendo mergulhos científicos autônomos com cilindros. Mas só depois conseguimos mais exemplares e conseguimos realizar as comparações e investigações que possibilitaram descrever a espécie", disse Gasparini
Ilha de Trindade (Foto: reprodução/Tecnologia & Defesa)
O Acyrtus simon
O Acyrtus simon, batizado em homenagem a Thiony Simon, zoólogo da Ufes que morreu em um mergulho durante seus estudos no pós doutorado, levou muitos anos para ser observado e comparado com outras espécies. Os peixes foram coletados e guardados no acervo da Ufes, enquanto os pesquisadores iam em busca de novos exemplares.
João comentou que: "Ele ficou na coleção da Ufes, dentro do formol e do álcool. A gente consulta, tira do vidro, olha embaixo da lupa. E aí uma viagem que foi muito importante eu fiz em 2009, junto com o Hudson Pinheiro, da USP, e nós conseguimos coletar o material que foi usado na descrição e fazer as fotos submarinas".
O peixinho de apenas três centímetros vive nos baixios, sempre junto às rochas vulcânicas desta ilha e possui uma ventosa que ajuda esta espécie a sobreviver no dinamismo da zona.
"Ele tem uma adaptação morfológica no ventre, que a nadadeira pélvica dele é modificada como se fosse uma ventosa, por isso o nome peixe-ventosa. Essa adaptação é para viver em ambientes com água mais dinâmica. Ele se fixa ao substrato, cola e, quando tem correnteza, não afeta ele. Ele fica ali paradinho", explicou o biólogo.
O peixe-ventosa foi a oitava nova espécie descrita por João Luiz da Ilha da Trindade. Em meio a todas as expedições do pesquisador da área, ele descreveu o lugar como um “paraíso” para descobrir novas espécies.
Foto destaque: O peixe-ventosa. Reprodução/João Luiz Gasparini/g1